Iara Thielen é psicóloga e coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná e vai direto ao ponto: os condutores são cada vez mais individualistas. Para ela, os motoristas precisam começar a pensar no bem comum e ter a consciência ao dirigir sem pensar na fiscalização.
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Jornal de Santa Catariana – Qual é a percepção e o comportamento dos motoristas diante da abordagem?
Iara Thielen – Quem está com alguma coisa errada, teme. A blitz tem o intuito de tirar da rua os veículos, as motocicletas e multar as pessoas que vão provocar risco aos outros. Acho que a pessoa tem que ter a consciência sem pensar na fiscalização.
Santa – Qual é a percepção sobre a polêmica em torno deste tema?
Iara Thielen – A rede de infratores se fortalece cada vez mais. Na discussão, sempre vai ter outro culpado. Os argumentos são sempre os mesmos: ou é a rua mal sinalizada, ou é o governo que só quer arrecadar ou o guarda que é culpado.
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Santa – Por que as pessoas exigem segurança, mas não gostam de fiscalização?
Iara Thielen – Elas adoram a fiscalização para os outros. Os outros é que são irresponsáveis e cometem os abusos porque há muita impunidade. Existe uma dicotomia muito grande entre eu e os outros. Elas nunca vão mudar o próprio comportamento se elas pensarem apenas nelas e acreditam que tudo que elas fazem é permitido.
Santa – Como acabar com a impressão de que as blitze são apenas mais uma forma de arrecadação de dinheiro?
Iara Thielen – A primeira coisa que poderia dizer em uma campanha é “acabe com a arrecadação, fique dentro da lei”. Acaba com a indústria da multa que as pessoas tanto falam e termina com os resultados negativos de uma blitz. Desta maneira, ninguém mais vai ser preso pois todos estarão dentro da lei. Tenho uma opinião muito clara de que a multa de trânsito é doação de livre e espontânea vontade. Se sei que a velocidade máxima é 60km/h e andei a 72km/h, vou ser multada e vou ter que pagar o valor. Estou pagando, não porque o governo só quer arrecadar, mas porque ele avisou o limite. É um comportamento inadequado meu.
Santa – Qual sua opinião sobre a troca de informações?
Iara Thielen – É inevitável essa troca de informações. Seja para o bem ou para o mal. As pessoas que usam essas redes vão precisar fazer as próprias triagens. Os usuários que avisam, são os próprios infratores, porque querem se livrar pois sabem que estão errados. Eles adotam a velha tática: a melhor defesa é o ataque.
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