As mulheres marcaram posição no mercado de trabalho nos últimos anos. Prova disso é que hoje elas correspondem a 46% da população ocupada no país, de acordo com dados parciais de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para algumas mulheres, entretanto, conciliar o trabalho e a maternidade deixou de ser uma opção, pelo menos na fase inicial de formação das crianças, quando a presença da mãe é tão importante. Dessa forma, elas tomaram a difícil decisão de voltar para casa e se dedicar aos filhos.

Continua depois da publicidade

Fernanda Purificação, 35 anos, foi uma das mulheres que optou pela profissão de “mãe full time”, ou seja, em tempo integral. Mas não foi fácil. Ela trabalhava como consultora comercial e recebia um salário de R$ 8 mil. Viajava pelos três estados do Sul do país e, desde que descobriu que estava grávida, começou a cogitar a possibilidade de largar tudo e dedicar-se exclusivamente à filha.

– Antes o meu foco era viagens e sapatos. Agora passou a ser o meu bebê. Foi uma opção minha. Não julgo os outros pais que não fazem, mas assim eu sei a educação que estou dando. Imagina como seria se delegasse a educação para outra pessoa – conta Fernanda, que há dois meses conseguiu conciliar a venda de perfumes e maquiagem importados com a criação da filha de um ano e um mês.

A mãe solteira diz que ter uma boa estrutura financeira antes de engravidar foi fundamental para tomar a decisão que garante ter sido a “mais assertiva” da sua vida. Atualmente, Fernanda não considera a possibilidade de voltar à rotina do trabalho anterior, pois era muito desgastante, e pretende seguir acompanhando de perto o desenvolvimento da pequena Maria Valentina. Os dados do IBGE mostram que, nos últimos anos, a participação da mulher no mercado de trabalho aumentou. Por isso, a volta para casa com o objetivo de cuidar dos filhos não pode ser considerada uma tendência na sociedade brasileira.

Continua depois da publicidade

::Adiamento da maternidade torna mais fácil o retorno pra casa

– Entramos em um leque amplo de profissões e, quanto mais escolarizada for a mulher, mais ativa ela será e mais inserida no mercado de trabalho estará, mesmo que tenha filhos pequenos – afirma a professora da Fundação Carlos Chagas Maria Rosa Lombardi, especialista em trabalho da mulher.

Para a antropóloga Mirian Goldenberg, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora do livro Toda mulher é meio Leila Diniz, o fato de as mulheres brasileiras terem menos filhos e adiarem a maternidade torna mais fácil a volta para casa por um período para cuidar dos filhos. Mas é preciso se preparar para o retorno e estar ciente de que o reingresso pode não ser tão fácil.