A empreendedora Lorena Kreuger, de 29 anos, assumiu a direção do estaleiro Kalmar em 2009, após o falecimento do seu pai. A empresa, fundada em 1982, em Itajaí, é especializada em marcenaria naval, e o desafio de Lorena não foi apenas manter a qualidade do produto, mas aprender a administrar o próprio negócio. Para se preparar, cursou um MBA em Gestão Empresarial e contou com o apoio da equipe de 18 funcionários.

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Depois de cinco anos de gestão, o saldo é positivo. O estaleiro Kalmar faturou em 2013 cerca de R$ 1,1 milhão e, há dois anos, conta com outras linhas de produtos, a Movelaria Boa e a Kalmar Sports, tudo para aproveitar a mão de obra e a estrutura disponíveis na entressafra dos grandes projetos de embarcações. Atualmente, a Movelaria Boa responde por 15% do faturamento total, e a linha esportiva de pranchas e caiaques, por 12%.

Lorena reconhece que a grande meta ainda é manter a empresa viva. Além disso, ela é uma das poucas mulheres no comando de estaleiros no Brasil, o que aumenta o desafio.

– É um mercado dominado por homens, mas lido bem com isso. É possível se posicionar e conquistar um espaço enorme e também ter credibilidade – afirma Lorena, que foi criada neste meio e tem paixão pelo negócio.

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Busca pela independência financeira é um estímulo para as mulheres

O exemplo de Lorena é reflexo da mudança no perfil do empreendedor em quase todo o país. Com exceção do Nordeste, em todas as outras regiões, as mulheres são maioria quando o assunto é abertura de novos empreeendimentos. Pesquisa encomendada pelo Sebrae aponta que 52% dos novos empreendimentos – aqueles com menos de três anos e meio de atividade – têm mulheres na gestão. Na região Sul, o número sobe para 57%.

Para o gerente de Mercado e Comunicação do Sebrae-SC, Spyros Diamantaras, há mais mulheres empreendedoras devido a fatores como a busca pela independência financeira.

– Esse movimento de mulheres empreendedoras já vem ocorrendo. É uma tendência que se consolidou e deve crescer ainda mais.

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Conforme ele, o fato de elas serem maioria também nas universidades é outro fator que impulsiona a presença do sexo feminino no meio empresarial. Pamella Gonçalves, coordenadora de pesquisa e mobilização da Endeavor, organização de fomento ao empreendedorismo, acrescenta a flexibilidade e autonomia como motivadores das mulheres.

– Em geral, as empreendedoras tendem a ser mais qualificadas que os homens e identificam oportunidades para abrir o negócio.

>>> Dados da pesquisa*

_ 52% dos novos empreendimentos, com até três anos e meio de atividade, são comandados por mulheres. Nos negócios com mais de 3,5 anos, as mulheres representam 42% dos empreendedores

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_ 66% das mulheres abrem uma empresa por oportunidade, o restante por necessidade.

Mulheres na chefia – empresas com menos de 3,5 anos

Região Sul: 57%

Região Norte: 57%

Região Centro-Oeste: 56%

Região Sudeste: 51%

Região Nordeste: 49%

Mulheres na chefia – empresas com mais de 3,5 anos

Região Sul: 41%

Região Norte: 44%

Região Centro-Oeste: 44%

Região Sudeste: 41%

Região Nordeste: 43%

A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) é feita em 68 países. No Brasil, ela é realizada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). Foram entrevistadas 10 mil pessoas de 18 a 64 anos, de todas as regiões.