A 3ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental de Garopaba (FICA), que acontece entre os dias 4 e 9 de novembro, será marcada pela estreia de documentários e curtas-metragens de diversas mulheres catarinenses. O evento está esperando um público de 2,3 mil pessoas durante os cinco dias, com ações gratuitas e de classificação livre na praça e nos demais espaços culturais e educacionais de Garopaba, além das cidades de Imbituba, Laguna e Florianópolis. A programação completa pode ser conferida no perfil do Instagram do festival.
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O destaque desta edição do FICA é o documentário “Eglê”, dirigido por Adriane Canan. A produção é sobre a história de Eglê Malheiros, de 96 anos, natural de Tubarão, que foi a primeira mulher catarinense roteirista de cinema.
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No dia 7 de novembro, a partir das 19h, o documentário, que foi produzido por uma equipe técnica formada só por mulheres, será exibido de graça na Praça Central de Garopaba.
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— O documentário “Eglê” tem como intenção jogar luz sobre a história de Eglê Malheiros, uma mulher de vanguarda de Santa Catarina em várias áreas, como política, cinema, literatura, tradução e outras. Ela foi a única mulher a integrar o Grupo Sul — compartilha Adriane.
Com produção da Margot Filmes e coprodução da Lilás Filmes e da Calêndula Filmes, o documentário produzido em 2023 com recursos do Prêmio Catarinense de Cinema 2019 — Fundação Catarinense de Cultura (FCC), ANCINE/FSA (Arranjos Regionais), circulou por festivais nacionais e recebeu o Prêmio de Melhor Longa Nacional no VII Curta Lages — Festival Internacional de Cinema (2024) e Menção Honrosa na Mostra de Audiovisual do Seminário Internacional Fazendo Gênero 13 (2024), em Florianópolis.
— É muito interessante participar de festival em uma cidade como Garopaba, pois, além de apresentar filmes nacionais e internacionais, festivais como o FICA possibilitam o acesso ao que é produzido aqui e em outros lugares a outras pessoas, a um espectro maior de público. É um caminhar de políticas públicas de inclusão de públicos e realizadoras e realizadores — destaca a diretora, que é natural de Quilombo, no interior de Santa Catarina.
Outro destaque feminino do festival é o documentário “Plantadeira”, que será exibido no sábado, dia 9, às 18h. Sheide Mara, que estreia como diretora, nasceu em Florianópolis e mora desde 2018 em Garopaba. A terapeuta, que trabalha com foco em práticas integrativas que unem arte, música e o cultivo de plantas para promover saúde e bem-estar, diz estar contente por integrar a programação do FICA Garopaba.
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— É uma emoção poder participar de um Festival desse porte aqui na nossa região. E estar transmitindo a mensagem da importância das plantas em seus diversos usos é de grande valor, ainda mais por tudo que estamos vivenciando hoje com essa crise climática, é essencial que valorizemos o cuidado com a terra e o poder das plantas para a cura do corpo, da mente e do espírito — destaca.
Sheide também conta que busca transformar a relação das pessoas com seu próprio bem-estar e com a terra.
— O cinema nunca foi a minha área, meu grande sonho era implementar hortos de plantas medicinais na cidade. E com a oportunidade da Lei de incentivo Paulo Gustavo, nós decidimos gravar o documentário sobre o poder das plantas e mulheres plantadeiras da nossa região — completa.
Produção em Garopaba
Totalmente produzido na cidade de Garopaba, o curta-metragem “A Última Primavera”, dirigido por Michelly Hadassa, também promete ser uma das sensações do FICA Garopaba. A produção, que conta com parte da equipe e elenco da cidade do Litoral Sul de Santa Catarina, foi premiada recentemente pelo Júri Popular no 28º Florianópolis Audiovisual Mercosul — FAM 2024, em Florianópolis.
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Esse é o terceiro filme produzido por Michelly, que tem no currículo a participação em mais de 100 produções audiovisuais, curtas e longas-metragens, filmes publicitários, além de séries para TV.
Morando há 25 anos em Garopaba, a gaúcha de Estrela, do Rio Grande do Sul, conta que o interesse pelo cinema surgiu a partir de uma imensa vontade de contar histórias e de transformar pessoas.
— Muitos são os filmes que nos tocam e nos trazem lições, toda criança já viveu um momento no qual queria ser um super-herói ou uma princesa de contos de fadas. Quando comecei a estudar cinema, percebi que me identificava mais com filmes que mostrassem a minha realidade, filmes pelos quais era possível eu me colocar naquele lugar e sonhar com uma vida melhor. Aí, obviamente, começam os questionamentos sobre diversidade temática, gênero e raça — compartilha.
Michelly conta que foi após o falecimento dos pais que escreveu o roteiro do filme “A Última Primavera”.
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— Me tornei mãe, descobri da pior forma como é difícil fazer arte e sobreviver dela, quando se tem filhos, é difícil ser mulher e continuar sonhando após a maternidade. É preciso mais do que força para sobreviver numa sociedade patriarcal e conservadora — ressalta.
O curta será exibido dentro da Mostra Vozes Veladas, com filmes catarinenses, a partir das 18h do dia 9 de novembro. Para Michelly, a oportunidade de exibir o filme em Garopaba, principalmente dentro da programação de um festival de cinema como o FICA, é muito importante.
— Cresci nessa cidade com a ausência de cultura que atraísse os jovens, ausência de políticas públicas que contemplassem o pessoal mais underground e ver um evento desse aqui na cidade é muito gratificante para nós enquanto realizadores. Um festival que promove debates importantíssimos através dos temas abordados como questões sociais, políticas, ambientais e culturais — completa.
O Projeto Festival Internacional de Cinema Ambiental de Garopaba — 3ª edição é realizado com recursos do Prêmio Catarinense de Cinema, edição especial Paulo Gustavo/2023.
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*Sob supervisão de Raquel Vieira
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