O candidato à Suprema Corte indicado por Donald Trump, Brett Kavanaugh, enfrenta um panorama de alto risco nesta segunda-feira (17), depois que a mulher que o acusou de agressão sexual na década de 1980 disse estar disposta a testemunhar ante o Congresso para impedir sua confirmação no cargo.

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Christine Blasey Ford, uma professora universitária de Psicologia de 51 anos, afirmou ter sido agredida por Kavanaugh e um de seus amigos, em uma festa no subúrbio de Washington, no começo da década de 1980.

Por meio de seu advogado, a mulher deixou claro que está disposta a testemunhar ante o Comitê Judicial do Senado sobre suas acusações.

Kavanaugh, cuja confirmação nesta semana parecia certa antes do escândalo, negou as denúncias e disse estar pronto para “refutar” essas afirmações e defender sua honra.

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A acusação que pesa sobre este juiz conservador de 53 anos é crítica, em um contexto social de extrema sensibilidade com o tema da violência sexual contra mulheres desde o início do movimento #Metoo, que em um ano fez dezenas de homens perderem seus cargos em ambientes de poder.

“Estou pronto para falar com o Comitê Judicial do Senado (…) para refutar essas acusações sobre fatos que datam de 36 anos atrás e defender minha integridade”, afirmou o magistrado em uma breve declaração difundida pela Casa Branca.

Ao denunciar as acusações como “completamente falsas”, o magistrado assegurou: “Nunca fiz algo como o que a acusadora descreve, nem a ela nem a ninguém mais”.

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– ‘Dever cívico’ –

Os democratas querem aproveitar o caso para bloquear a nomeação deste juiz, questionado por seu conservadorismo.

A chegada de Kavanaugh à Suprema Corte faria dos juízes progressistas ou moderados minoria durante um período de muitos anos no tribunal, que decide sobre questões fundamentais da sociedade americana, como o direito ao aborto, ao porte de armas de fogo e aos direitos das minorias.

Está previsto que o comitê do Senado vote nesta quinta-feira a confirmação de Kavanaugh, antes da votação final do plenário que poderia ser final de setembro.

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Os republicanos, que contam com uma estreita maioria (51 contra 49 votos) no Senado, têm a última palavra sobre os candidatos indicados pelo presidente dos Estados Unidos.

Para os democratas, a estratégia consiste em adiar a votação para depois das eleições legislativas de novembro, à espera de poder recuperar assentos no Congresso.

Em uma entrevista, Christine Blasey Ford narrou com detalhes ao jornal Washington Post a noite em que afirma ter sido vítima de uma agressão sexual.

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Kavanaugh, junto com um amigo, estavam “completamente bêbados” quando a encurralaram em um quarto e tentaram mantê-la à força em uma cama para tocá-la e tentar tirar a sua roupa.

A mulher conseguiu fugir e esta semana, após 36 anos de silêncio, decidiu falar.

“Considero agora que meu dever cívico é mais importante do que a angústia e medo das represálias”, disse.

– ‘Ela deveria ser escutada’ –

O presidente americano, Donald Trump, disse nesta segunda que está confiante de que seu candidato à Suprema Corte será confirmado no cargo.

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“Tenho certeza de que tudo vai dar certo”, disse Trump na Casa Branca, apontando que a votação poderá atrasar “um pouco”. O presidente também lamentou que as acusações remontem à década de 1980.

Sua principal assessora e uma das pessoas mais próximas a Trump na Casa Branca, Kellyanne Conway, disse que Ford deveria ser ouvida.

“Esta mulher não deveria ser insultada e não deveria ser ignorada”, disse Conway à rede Fox News.

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“Quero deixar isso bem claro: eu falei com o presidente. Falei com o senador (Lindsey) Graham e com outros, esta mulher deveria ser escutada”, disse a assessora, que também descreveu Kavanaugh como um homem “íntegro”.

* AFP