Os laudos de exumação do corpo de Andréia Campos Araújo, de 28 anos, apontaram que ela não estava grávida quando foi morta, em agosto de 2018, em Jaraguá do Sul. Os laudos foram disponibilizados à Justiça em dezembro de 2018, mas apenas neste mês o caso se tornou público, uma vez que não caminha mais em segredo de justiça.
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O acusado de tê-la matado, Marcelo Kroin, de 38 anos, era marido da vítima e vai a júri popular por feminicídio, ocultação de cadáver, homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil e asfixia. A sessão será na manhã desta terça-feira (20), às 9h, no Fórum do município. Na prática, segundo o promotor de justiça Marcio André Zattar Cota, a mudança que deve ocorrer é na pena a ser cumprida por Marcelo. Se Andréia estivesse grávida, Marcelo poderia pegar até 18 anos de detenção. Agora, com o resultado dos laudos, o acusado pode cumprir até 12 anos por homicídio qualificado.
Segundo o promotor de justiça, a alegação do acusado não se sustenta. O acusado teria dito que, após uma discussão, ele teria agredido a vítima que caiu, bateu a cabeça e, por isso, teria morrido.
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— O laudo pericial foi claro quando apontou que ela morreu asfixiada — diz o promotor — agora vamos ver se ele vai ficar em silêncio, como foi da última vez, ou se fará alguma consideração.
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O corpo da vítima foi encontrado enrolado em um cobertor dentro do carro do casal, em 5 de agosto de 2018. A denúncia do Ministério Público (MP), oferecida em 23 de agosto do ano passado, apontou que o homem teria agido de forma premeditada e com intenção de matar. O crime foi descoberto após uma denúncia anônima à Polícia Militar (PM) informando sobre situações de violência doméstica na casa onde Andréia morava.
O advogado de defesa Sebastião da Silva Camargo afirmou que vai apresentar as provas que estão nos autos para tentar derrubar as demais qualificadoras. Segundo ele, já foram eliminadas as de ocultação de cadáver e a da gravidez da vítima. Camargo ainda afirmou que o réu sempre esteve à disposição da Justiça durante o processo, até porque teve o decreto de prisão preventiva.
— Do ponto de vista pessoal, ele está bem abalado porque era muito apaixonado pela ex-companheira, mas infelizmente aconteceu essa tragédia. Ele diz que não foi premeditado e tenho elementos para acreditar na narrativa dele — afirmou.
Sobre a investigação
O primeiro laudo elaborado apontava o traumatismo craniano como causa da morte, mas exames complementares apontaram que ela foi morta por estrangulamento. A investigação da Polícia Civil apontou que, depois do crime, Marcelo enrolou o corpo da vítima em um cobertor e colocou no carro. Ele viajou com a mulher morta ao lado dele até a cidade de Canoinhas, no Planalto Norte, mas como não soube como proceder, retornou para a casa.
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Ainda conforme a denúncia, Marcelo tentou simular que não estava com ela durante o crime.
— Em posse do aparelho celular da vítima, utilizou-o para simular o abandono do lar pela companheira (já sem vida), encaminhando falsa mensagem de despedida a ele próprio — afirmou o MP na acusação.
O corpo também apresentava vários traumas e ferimentos, sinais de que a vítima tentou se defender antes do crime.
Relembre o caso
O corpo de Andréia foi encontrado em 5 de agosto de 2018, enrolado em um cobertor, no banco da frente do carro do companheiro. O crime foi descoberto após denúncia anônima sobre um possível feminicídio. Segundo a PM, o homem relatou, à época, que estava com a esposa na noite anterior em uma festa, onde teria acontecido uma discussão entre os dois.
Ele teria ido embora sozinho logo em seguida. Marcelo disse que, por volta das 3h, a esposa chegou embriagada em casa, onde aconteceu um novo desentendimento. Segundo o denunciado, Andréia teria o agredido e depois ido até a cozinha pegar uma faca. Neste momento, para se defender, deu um soco na vítima que teria batido a cabeça no chão e morrido.
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