Em junho de 2020, a empresária Maria Claris, de Joinville, contraiu Covid-19. Com isso, ela seria apenas mais uma entre as 830.737 pessoas que já testaram positivo em Santa Catarina e se recuperaram — 12.842 catarinenses morreram e 20.263 ainda estão com a doença. No entanto, depois de quase um ano, Maria Claris ainda não recuperou o olfato e o paladar, que foram os principais sintomas quando estava com o vírus ativo.

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— Eu nem queria acreditar que podia ser Covid-19, porque não tive sintomas gripais. Só que, do dia para a noite, parei de sentir o gosto da comida e o cheiro das coisas. Fui em uma otorrinolaringologista e ela disse que só podia ser coronavírus, então fiz o teste e confirmei — explica ela.

A perda de olfato e paladar é uma das sequelas mais comuns de quem contraiu Covid-19. Além disso, Maria Claris também tem dores de cabeça intensas, que não eram comuns antes de ficar doente. Ela passou por novas consultas com otorrinolaringologista e fez uma ressonância, mas os exames não mostraram nenhuma alteração no organismo.

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Com isso, o caso permanece sem solução. Se perder estes sentidos já é desagradável para qualquer pessoa, no caso de Maria Claris atrapalha inclusive na vida profissional: ela é proprietária de um restaurante e, agora, não consegue mais experimentar os pratos feitos por suas cozinheiras e servidos em seu estabelecimento.

— Eu sinto alguns alimentos e bebidas, mas com gostos diferentes. Abobrinha, por exemplo, ficou completamente diferente. Coca-cola, que eu adorava, ficou amarga. E outras comidas parecem algodão, sem gosto nenhum — relata.

A mesma situação é vivida pela joinvilense Fernanda Brandão Argenti. Em entrevista ao AN em fevereiro, ela contou como continua com dores nas articulaçõs e do impacto na visão.   

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Pacientes relatam que “não são mais os mesmos”

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 10 pessoas que foram contaminadas pelo vírus apresentam problemas de saúde que persistem após 12 semanas. Mas uma pesquisa publicada recentemente no periódico médico Jama Network, 30% dos participantes relataram ainda ter sintomas da Covid-19 9 meses após ter contraído a doença. 

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Entre as sequelas do novo coronavírus mais comuns estão a perda de olfato e de paladar, fadiga severa, confusão mental e redução significativa da capacidade pulmonar. Segundo a infectologista catarinense Sabrina Sabino, também é comum que pessoas que tiveram sintomas leves — ou seja, não precisaram de internação por causa da Covid-19 — desenvolvam doenças fúngicas e pneumonia bacteriana.

— O cansaço é o mais comum. As pessoas costumam me dizer: “não sou mais o mesmo” após contrair coronavírus — afirma ela, explicando que atividades básicas como caminhar ou cuidar dos filhos tornam-se complicadas.

Para quem precisou ser internado, o quadro piora: a pessoa pode desenvolver fenômenos cardiológicos e, depois de alguns meses, ter AVC ou infartar. Também há a perda de massa muscular nos casos de internados por um período muito grande e a diminuição da capacidade pulmonar.

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