Uma mulher, de 25 anos, descreveu a violência obstétrica que sofreu em um hospital de Chapecó, há cerca de um ano. Fernanda Wartha Gripa contou que pediu ajuda aos funcionários por horas, enquanto sofria dores no trabalho de parto. As informações são do g1 SC.
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Violência obstétrica é o termo utilizado para caracterizar abusos sofridos quando gestantes procuram serviços de saúde, seja no parto, nascimento ou pós-parto.
Fernanda diz ter sido vítima desse tipo de violência durante o trabalho de parto do primeiro filho, nascido em em 29 de julho de 2021. Mesmo um ano após o caso, a vítima diz que busca coragem para fazer a denúncia.
O caso ocorreu no Hospital Regional do Oeste (HRO) em Chapecó, no Oeste catarinense. A jovem conta que sofre de ansiedade, e por isso logo após entrar em trabalho de parto, ela começou a sentir dores e passou mal. Foram horas pedindo ajuda:
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— Eu pedi remédio para dor, até me trouxeram, mas a contração continuou vindo. Começou a aumentar a dor e eu comecei a implorar para as enfermeiras, eu berrava que precisava de ajuda. Fiquei duas horas berrando naquele hospital e não era da dor do parto, era da ansiedade que foi me dando — relata.
Após o ocorrido, ela criou um grupo em uma rede social, onde são renunciados e reunidos relatos semelhantes. Em nota, o hospital disse que “desconhece os termos da denúncia, verificará com a Ouvidoria se há registro de queixa e reitera que as manifestações dos usuários sejam registradas via Ouvidoria”.
A violência obstétrica abrange maus-tratos físicos e psicológicos, que tornam a experiência do parto um momento traumático para a mulher ou o bebê. O crime é previsto no inciso IV do artigo 35 da lei estadual número 18.322/2022, onde se afirma que é considerada ofensa “não ouvir as queixas e dúvidas da mulher internada e em trabalho de parto”.
Ao g1, Fernanda contou que não esperava que o momento fosse perfeito, mas queria respeito.
— Eu não estava idealizando [o parto] nada. Não sou de idealizar as coisas, pensar uma coisa maravilhosa, ‘que lindo’. Mas queria um parto respeitoso. Só queria não ser violentada quando eu trouxesse o meu filho para o mundo — diz a mulher.
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Na formalização de uma denúncia, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina afirmou em nota que analisa todos os casos de violência obstétrica do Estado. “Sendo o caso, instaura procedimentos ético-disciplinares. A instituição não comenta esse tipo de situação para atender a necessidade legal de sigilo nas investigações que realiza”.
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