A mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura, confessou à Polícia Federal, em depoimento de mais de quatro horas, nesta quarta-feira, em Curitiba, o uso da conta não declarada em nome da offshore Shellbill Finance SA, mas negou o recebimento de recursos ilícitos por ela e desvinculou os valores de recebimentos por campanhas eleitorais no Brasil.

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— A Mônica, que foi a única ser ouvida hoje (quarta-feira), conseguiu demonstrar cada movimentação dessa conta, cada movimentação dos recursos no exterior — afirmou o criminalista Fábio Tofic, defensor do casal de marqueteiros do PT presos pela Operação Acarajé, na 23ª fase da Lava-Jato.

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Os dois são suspeitos pelo recebimento de pelo menos US$ 7,5 milhões, entre 2012 e 2014, de dinheiro fruto do esquema de corrupção na Petrobras. Os valores foram parar na conta da Shellbill, ocultas no banco Heritage, na Suíça.

— Está claro que a Mônica e o João estão presos por manutenção de conta não declara no exterior. Um crime pelo qual não existe uma pessoa presa nesse País. Não vou dizer que é um crime leve, mas é um crime que não enseja a prisão de qualquer cidadão — afirmou Tofic, ao deixar o prédio da Superintendência da PF, em Curitiba.

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Segundo o defensor, Mônica explicou que o casal recebeu “recursos lícitos pelo trabalho honesto que fizeram ao longo de anos”.

— Não são lavadores de dinheiro, não são corruptos e nunca tiveram contrato com o poder público, gostem ou não dos clientes deles — disse o criminalista.

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A mulher de Santana afirmou aos delegados da Lava-Jato que os recursos não envolvem dinheiro de campanha no Brasil.

— Os recursos são lícitos e não envolvem dinheiro de campanha brasileira — completou Tofic.

Para a Lava-Jato, há elementos para apontar que os recursos movimentados e não declarados por Santana e pela mulher podem ter relação com o esquema de propina, controlado pelo PT, PMDB e PP, na Petrobras e que a fortuna de mais de R$ 70 milhões do casal está diretamente relacionada aos serviços prestados ao partido e às suas campanhas.

— O depoimento dela é claríssimo, detalha tintim por tintim e não deixa dúvida. De modo que agora, a menos que a ideia da polícia e do Ministério Público seja usar o depoimento para comprovar uma teoria preconcebida, o que se espera é que essa prisão seja revogada.

Tofic disse que vai apresentar um pedido para que seja revogada a prisão do casal.

— Não existe nenhum elemento que sustente hoje a teoria que foi criada pela polícia e pelo Ministério Público de que esses recursos seriam provenientes de corrupção, de que eles saberiam que é proveniente de corrupção ou de campanhas brasileiras.

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Ele também reclamou que o “depoimento foi riquíssimo” mas ficou reduzido a “três páginas”.

— Foi extremamente detalhado. Foi um depoimento rico em detalhes, nos prometeram que era um depoimento que estava sendo gravado, o que nos encheu de conforto, porque o depoimento gravado consegue demonstrar a riqueza de detalhes que foi dada. Ao final do depoimento, essa notícia de que estava sendo gravado não foi confirmada, o que nos encheu de surpresa.

O depoimento de João Santana está marcada para a manhã desta quinta-feira.

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