Quase todo o bairro São Sebastião, em Palhoça, conhecia a “vozinha dos perfumes” – uma senhora de 70 anos que vendia cosméticos de porta em porta e rezava novenas para quem precisasse de ajuda. Ela se chamava Olíria Lenatti Lenhani e foi assassinada a pauladas dentro da própria casa nesta segunda-feira.

Continua depois da publicidade

Na segunda de manhã, o motoqueiro que entregava os produtos para Olíria estranhou não ser atendido quando tocou a campainha. Deixou a encomenda na casa da vizinha que, mais tarde, começou a chamar a idosa e também não recebeu resposta. Ao entrar na casa, viu sangue no chão.

– A vizinha me ligou dizendo que tinha acontecido alguma coisa com minha mãe – conta a filha de Olíria, Célia Regina Lenhani.

Enquanto a Polícia Civil periciava a casa, Célia relembrava do velório – que durou apenas três horas -, onde viu sua mãe irreconhecível. Ela tinha várias marcas de hematomas nos braços – possíveis marcas de uma luta corporal – e uma lesão grande na cabeça, provavelmente uma paulada. A vozinha dos perfumes ficou com o rosto desfigurado. A filha da vítima conta que o sofá teve que ser queimado durante a limpeza da casa, pois estava encharcado de sangue.

Continua depois da publicidade

– Não tinha nada bagunçado. Tudo aconteceu na sala. A única coisa que achamos que foi roubado foi cerca de mil reais que provavelmente estavam com ela – diz Célia.

O local onde fica a casa de Olíria é tranquilo e nunca houve assassinatos na região, conta o delegado responsável pelo caso Attilio Guaspari Filho, da Divisão de Investigações Criminais. A polícia não divulgou com quais hipóteses de motivação do crime está trabalhando, mas pediu até um laudo para saber se houve estupro.

Segundo o delegado, a vozinha dos perfumes era conhecida em todo o São Sebastião e no loteamento Madri. Ela não tinha inimigos. Célia conta que sua mãe era religiosa devota. Todo dia rezava o terço pelo menos duas vezes – sempre pedindo proteção aos parentes. A vítima costumava participar de novenas e decorava sua sala com várias imagens de santos – as únicas testemunhas da barbárie.

Continua depois da publicidade

Enquanto olha as pegadas descobertas pelo perito da Polícia Civil, Célia lamentava:

– Já que a mãe não volta mais, a esperança agora é encontrar quem fez isso para dar um alento para a família.

Até agora, ninguém foi preso.