Uma enorme área de mata fechada foi o ponto de partida para que familiares e bombeiros saíssem à procura de uma mulher de 54 anos, na região de Pirabeiraba, na zona Norte de Joinville. Na manhã desta quarta-feira, um grupo de montanhistas chegou ao local para auxiliar nas buscas.

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Maria Margareth de Oliveira Carvalho sofre de esquizofrenia, segundo parentes, e teria transtornos de perseguição. Ela deixou a casa da família, na rua dos Holandeses, na madrugada de terça-feira, e não foi mais vista.

A suspeita é de que a mulher tenha entrado na vegetação, porque os cães dos vizinhos latiam em direção ao mato. Maria Margareth usava um vestido de tecido fino de cor verde, estava descalça e levava uma bolsa com documentos pessoais quando desapareceu.

Inicialmente, a área de vegetação demarcada para as buscas fica entra a Estrada Dona Francisca e a BR-101. Cães farejadores reforçaram as buscas na mata.

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– Por sofrer com esse transtorno, é provável que ela dificulte as buscas por não querer ser encontrada. Nosso medo é que ela tenha uma hipotermia com esse frio -, desabafa Elizabeth de Oliveira Carvalho, 31 anos, filha da mulher desaparecida.

No ano passado, segundo Elizabeth, a mãe também fugiu de casa, mas foi trazida de volta logo depois.

– Ela raciocina com lucidez, desde que tome os remédios. Desconfiamos que tenha deixado de tomar os medicamentos -, diz a filha.

Margareth é casada com Procópio Carvalho há 35 anos. O marido só descobriu o transtorno da mulher 11 anos depois do casamento, quando ela fugiu de casa e acabou indo parar em Guaratuba, no Paraná. Na ocasião, a mulher ficou desaparecida por cinco dias, chegou a pegar carona e fez uma longa caminhada pela praia. Após esse episódio, a família procurou um médico, que identificou a esquizofrenia.

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Vida em família

Com os remédios, Margareth convive normalmente com a família. O casal tem seis filhos entre 19 e 34 anos. Roger, de 19, e Elizabeth de 31 vivem com os pais. De acordo com a família, Margareth já fugiu ao menos quatro vezes de casa. O medicamento é dado a ela uma vez ao dia. Os filhos e o marido temem que ela tenha escondido o medicamento e jogado no lixo.

– Ela estava agitada nas duas últimas semanas -, contou Procópio.

Como é acostumada a caminhar todos os dias na companhia do marido, Margareth tem bom condicionamento físico para aguentar longas distâncias. Os vizinhos costumam observar o casal fazendo a caminhada diária pelo distrito de Pirabeiraba.

– Eu ainda vi os dois passando pela minha casa terça-feira -, disse uma vizinha que passou na casa de Procópio para prestar solidariedade.

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A família passou o dia reunida em busca de notícias. Enquanto equipes de resgate especializadas em montanhismo apoiaram os bombeiros em uma varredura pela mata da região, filhos e parentes procuravam de carro pelas estradas. Um alarme falso trouxe uma esperança no meio da tarde. Uma moradora disse ter visto uma mulher com as mesmas características. Mas era outra pessoa.

Especialista avalia transtorno

A esquizofrenia, de acordo com a professora e psicóloga Maria Gabriela Ramos Ferreira, é uma doença psiquiátrica ou transtorno mental que pode provocar alucinações, surtos ou crises de agitação e agressividade.

– É um delírio, uma alteração do pensamento. Como ela acredita que é real, vai se defender de acordo com o que está pensando -, explica.

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Estudos apontam que existe uma base genética para o desenvolvimento da doença, porém essa constatação ainda não é clara.

– Quando a pessoa tem essa predisposição genética, ela pode desenvolver a doença em um momento de estresse. Porém, esse estresse não é o mesmo para todo mundo, pode ser algo aparentemente ?banal? -, complementa.

A esquizofrenia normalmente se desenvolve durante a adolescência ou na passagem para a fase adulta. O paciente precisa ser tratado com medicação e terapia.

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