Arrastada por um carro por cerca de 20 metros após uma discussão no trânsito na última sexta-feira (5) no acesso à ponte Pedro Ivo Campos, em Florianópolis, a administradora Larissa da Rocha, de 39 anos, falou sobre o ocorrido em depoimento ao Hora de Santa Catarina. Ela relatou como foi a agressão, criticou o fato de o crime ter sido enquadrado como “lesão corporal leve” pela Polícia Civil e disse que vai buscar justiça.
Continua depois da publicidade
— O sujeito me arrastou em um carro em movimento por mais de 20 metros e não vai acontecer nada com ele? Será que eu precisaria morrer para o delegado achar que foi mais que uma lesão corporal leve? Esse cara poderia ter me matado, se a roda do carro dele passasse em cima da minha cabeça, poderia ter perdido as pernas ou os braços — desabafou Larissa em texto enviado à reportagem.
> Mulher é arrastada por carro após discussão no trãnsito em Florianópolis
O fato aconteceu na manhã de sexta, na região continental da Capital catarinense. Larissa contou que também estava de carro e que a violência teve início porque ela fez uma manobra que desagradou o motorista do outro veículo, que vinha logo atrás. De acordo com o Boletim de Ocorrência da Polícia Civil, o autor da agressão é o veterinário Alvady Di Domenico Neto, de 33 anos.
Segundo Larissa, o homem ficou indignado e começou a buzinar e a persegui-la. Depois, emparelhou o carro dela, jogou spray de pimenta no vidro e a xingou com diversos palavrões. Mais adiante, quando os dois veículos já estavam no acesso à ponte Pedro Ivo Campos, na Via Expressa, o motorista bateu propositalmente na traseira do carro dela.
Continua depois da publicidade
> Polícia prende suspeito de participar de morte de funcionário de estacionamento
— (Depois que ele bateu no veículo) desci do carro para acertarmos a negociação da batida, foi quando ele começou a dar a ré pra fugir. Muito nervosa, segurei o cinto de segurança dele, falando que não iria deixá-lo fugir (…) Foi aí que ele fechou o vidro do carro, prendendo meu braço e me arrastando com o carro em movimento por aproximadamente 20 metros — relatou a mulher.
Larissa contou ainda que, depois de conseguir se soltar, já na ponte Pedro Ivo Campos, bateu a cabeça no chão e ficou tonta. Como o trânsito estava lento no local, o carro não ganhou tanta velocidade e ela sofreu apenas ferimentos leves.
O motorista tentou fugir, mas foi interceptado por um policial civil que presenciou a cena. Larissa e o motorista foram levados à Central de Polícia Civil da Capital. Após ser ouvido, ele foi liberado.
— Fiz o BO (Boletim de Ocorrência), fiz exame de corpo de delito, e passei a manhã inteira na delegacia pra sair com um termo circunstanciado, por lesão leve (…) Será que o delegado teria essa mesma postura se fosse com a sua esposa ou sua mãe? — cobrou Larissa.
Continua depois da publicidade
Agora, ela diz que vai procurar um advogado para defendê-la em busca de justiça.
— Foi a situação mais horrível que já passe na vida. A gente acha que vive numa sociedade onde as pessoas não são capazes de fazer algo assim. Preciso fazer alguma coisa, porque agora quem está em pânico sou eu.
Contraponto
A Hora de Santa Catarina questionou a Polícia Civil sobre o caso no começo da manhã. Uma nota foi enviada pela assessoria de imprensa no começo da tarde desta terça.
Na nota, o delegado Laurito Akira Sato, coordenador da Central de Plantão Policial de Florianópolis, disse que a tipificação penal teve como base o exame pericial de corpo e de delito feito pelo Instituto Geral de Perícias (IGP).
“A Polícia Civil já solicitou as imagens da entrada da ponte e, surgindo fatos novos, a tipificação penal poderá ou não vir a ser alterada. Por fim, nos solidarizamos com a vítima, salientando que continuaremos trabalhando em prol da sociedade em consonância com os princípios fundamentais da administração pública”, completou.
Continua depois da publicidade
A reportagem também fez contato com o veterinário Alvady Di Domenico Neto através de mensagem de celular na manhã desta terça-feira (9), mas ele disse que no momento não poderia falar.