Autorização para trajeto por mar entre cidades do Norte de Santa Catarina é apenas um dos modelos que o Estado poderia adotar para desenvolver o transporte marítimo e fluvial.

Continua depois da publicidade

Resumo: Editorial defende ampliação dos serviços de transporte por mar e por rio em Santa Catarina

Aproveitar ao máximo os recursos naturais que Santa Catarina dispõe deve estar no topo da lista dos administradores ligados ao setor de transportes fluviais e marítimos, público ou privado. Ao primeiro grupo, cabe criar condições para exploração de todo o potencial possível de turismo, de transportes de passageiros ou de cargas, atento a todas as proteções ambientais necessárias. Do segundo, espera-se entender que é possível oferecer serviços que sejam, no mínimo, alternativa ao modelo rodoviário predominante no país e que deem o lucro que justifique investimentos.

A notícia de que o governo do Estado autorizou empresa a reativar as rotas de transporte marítimo de passageiros entre Joinville e São Francisco do Sul, pela baía da Babitonga, chega acompanhada de euforia e reticências. Ao mesmo tempo em que se celebra a recuperação de uma alternativa aos congestionamentos comuns na ligação por terra entre as duas cidades, vale alertar que esta não é a primeira vez que se tenta consolidar ali o transporte por água. E isso ocorre por questões das mais simples possíveis, como a falta de uma boia de sinalização da hidrovia – a compra de uma nova depende de licitação – e até mesmo a limpeza de canais, como ocorria em Joinville no período em que os barcos saíam do centro da cidade pelo rio Cachoeira, assim como a falta de planos de ação para estimular o público a utilizar este meio de transporte alternativo para o nosso modelo rodoviário.

Santa Catarina deveria se desenvolver como um todo na exploração náutica. O exemplo mais claro de que o potencial não é devidamente explorado está em Florianópolis. Na Ilha, não existe transporte aquático de passageiros – exceção feita à Lagoa da Conceição – e alternativas que podem ajudar na eliminação de gargalos do trânsito. Rotas por mar com as cidades vizinhas e com regiões da própria Ilha já deveriam ser realidade, até porque o assunto é recorrente.

Continua depois da publicidade

Desenvolver o Estado como um polo náutico inclui uma série de ações no campo turístico. As próprias rotas de “transporte público” são, por natureza, atrativo – milhares de pessoas as tratam como passeio. E é salutar que tanto poder público quanto privado busquem os melhores exemplos do mundo, numa espécie de benchmarking. Na última semana, comissão organizada pelo Instituto de Marinas do Brasil, que contou com políticos e empresários catarinenses, esteve na Flórida para saber o que faz daquele Estado americano referência mundial no aproveitamento das potencialidades marítimas e fluviais no mundo.

Espera-se que dessa visita se conheça um pouco mais dos segredos para desenvolver o setor em Santa Catarina e que iniciativas como a da retomada da ligação entre Joinville e São Francisco do Sul se consolidem e sirvam de exemplo para outras no Estado.