Mais uma reunião com novas promessas foi realizada nesta terça-feira, em Brasília, mas a solução para por fim na crise do abastecimento de milho em Santa Catarina parece estar longe. O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, recebeu lideranças do Estado mas apontou dificuldades para viabilizar o transporte de milho do Centro-Oeste do país para o Sul.

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Algumas das políticas solicitadas, como subsídio ao transporte, esbarram na aprovação de outras pastas, como do Ministério da Fazenda.

Nesta terça-feira, o ministro se comprometeu a agilizar a liberação de 23 mil toneladas de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na modalidade de venda à balcão, que beneficia os criadores com 27 toneladas por propriedade. Só que o preço praticado já será de R$ 25,80, contra os R$ 21 que estavam sendo praticados anteriormente. Além disso, o volume é pequeno perto da demanda de Santa Catarina.

– Isso não resolve – sintetizou o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Losivânio de Lorenzi, que participou da audiência.

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Frigoríficos sofrem em

momento de mercado aberto

A estimativa é que o estado necessita de 300 mil toneladas na modalidade “à balcão” e outras 1,5 milhão de toneladas para as agroindústrias.

– A audiência foi uma decepção total. Não tem milho e não tem política de escoamento – lamentou o deputado federal Valdir Colatto, que esteve na audiência.

Ele destacou que a falta de intervenção do governo federal está ameaçando o setor agroindustrial de SC.

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As médias e pequenas empresas do setor estão sem capital de giro. O secretário de Agricultura de SC, João Rodrigues, disse que o Estado vive um momento contraditório, onde está abrindo mercados e, ao mesmo tempo, os frigoríficos enfrentam crise por causa do custo de produção.

Ele afirmou que as medidas anunciadas pelo governo federal, de trazer milho do Paraná, fazer a liberação do crédito tributário e de novos financiamentos ou não foram operacionalizadas ou não surtiram efeito.

– As agroindústrias não receberam nada – sentenciou.

Para o secretário, faltou socorro do governo federal ao setor que está entre os principais responsáveis pelas exportações de Santa Catarina. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado (Sindicarne), o setor emprega 60 mil pessoas diretamente e gera mais 40 mil empregos indiretos.

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Há dois meses as agroindústrias estão solicitando um subsídio de R$ 5 por saca de milho para que elas busquem o produto. O custo da operações seria de R$ 300 milhões. Mas a medida não foi aprovada.

O diretor executivo do Sindicarne e da Associação Catarinense de Avicultura, Ricardo Gouvêa, observou que o setor automobilístico recebeu cerca de R$ 9 bilhões em isenções. Gouvêa disse que o aumento do custo do milho está tendo reflexo para o consumidor. O preço de alguns cortes de carne já subiu entre 30 e 40% e há possibilidade de mais aumentos nos produtos direcionados para as festas de final de ano.

A reportagem solicitou informações para a assessoria da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, mas não foram repassadas novas informações sobre o problema.

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