Mudanças no trânsito da rua Ottokar Doerffel e imediações dividem opiniões em Joinville. Daqui a 20 dias, motoristas que entram ou deixam a cidade deverão fazer um novo trajeto para chegar à BR-101. As alterações – idealizadas depois de estudos usando tecnologia para gestão da mobilidade – prometem diminuir os engarrafamentos na região. Para moradores e comerciantes, as modificações já causam impactos negativos no dia a dia. Elas deverão começar a valer a partir de 1º de junho.

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Desde setembro, Joinville mantém parceira com o aplicativo de trânsito Waze para monitorar em tempo real o tráfego da cidade – somente cinco municípios do país contam com a tecnologia. O estudo possibilitou ranquear as ruas que têm o trânsito mais crítico, cruzando dados como os minutos perdidos pelos motoristas nos engarrafamentos, número de acidentes no trecho, velocidade média, entre outros.

— Usando essa tecnologia, hoje nos pautamos de maneira muito mais científica, permitindo até uma simulação do fluxo proposto antes de fazer essa intervenção na vida real — esclarece o secretário de Planejamento Urbano, Danilo Conti.

O ranking demonstrou que a rua Ottokar Doerffel apresentou um dos piores resultados nos horários de pico da cidade, assim como outras vias – a Tuiuti, a Florianópolis e a Dona Francisca, por exemplo. A Ottokar será a primeira rua a receber as alterações na tentativa de desafogar o trânsito.

Segundo estimativas da Secretaria de Planejamento Urbano (Sepud), a mudança deve gerar uma economia de quase meia hora no tempo médio de viagem dos motoristas em horários de maior fluxo.

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O levantamento técnico do Sepud também possibilitou observar pontos de atenção do fluxo, como conflitos – durante conversões, por exemplo – que geram desconforto ou podem colocar em risco a segurança de motoristas. Assim, a equipe desenhou cenários, e a mudança que será implantada é a que menos causará impactos ao coletivo.

O trânsito no cruzamento da Ottokar Doerffel com as ruas Gothard Kaesemodel e Otto Parucker (continuação da Marquês de Olinda) passará a funcionar como uma grande rotatória – fluindo pela rua Marajó em pista dupla.

Entre as principais mudanças no trajeto, o motorista que segue pela Ottokar – sentido Centro para a BR-101 – não poderá mais dar continuidade até a sinaleira com a Marquês de Olinda. Será obrigatória a conversão à direita na rua Marajó para acessar a Marquês – que também será mão única até a sinaleira – e seguir até a rodovia federal (veja no mapa).

Moradores do entorno reclamam da mudança, como o aposentado Adir de Miranda, 75 anos, que mora na Marajó desde que nasceu. Para ele, a via de sete metros de largura não comporta o trânsito pretendido.

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Moradores e comerciantes acham que alterações poderão causar mais lentidão

O maior receio de Adir com as mudanças é em relação ao tráfego dos ônibus que saem da estação rodoviária e de caminhões no sentido da BR-101. O aposentado acredita que isso poderá causar acidentes e até mais congestionamentos na rua Marajó.

– A rua é muito estreita, não tem como abranger todo esse trânsito. Fora que, em sua maioria, ela não tem calçada, nem ciclofaixa. Então, como as pessoas vão andar por aqui? – questiona.

Além da preocupação com a segurança, o morador ainda afirma que a combinação do tráfego intenso com o estreitamento da rua poderá provocar outras dificuldades. Uma delas é a agilidade necessária aos serviços de emergência para atender as ocorrências na BR, por exemplo. Como outros moradores, poderá enfrentar trepidações, por causa do trânsito de veículos pesados, e o barulho do tráfego.

A comerciante Maria Aparecida Ferreira, 50 anos, possui uma floricultura na região há 26 anos. A mudança, segundo ela, não irá aliviar completamente os engarrafamentos. Mesmo que a rua Marajó passe a ser mão dupla, os condutores que entrarem pela Ottokar Doerffel enfrentarão um acesso estreito e em uma pista simples. Ela se queixa de que quando há a previsão de qualquer alteração no trânsito, nunca é feita uma consulta direta à comunidade.

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O também aposentado Jony Roberto Kellner, que mora na rua Otto Parucker, as alterações trarão maior fluidez para quem necessita entrar ou sair da cidade. Segundo ele, como Joinville está crescendo cada vez mais, algumas pessoas “terão que ceder um pouco o seu conforto para dar lugar ao progresso”.

O secretário de Planejamento Urbano, Danilo Conti, justifica que as alterações buscam desafogar o fluxo para o coletivo, ainda que impactem a vida dos moradores da rua Marajó.

Até a implantação, algumas intervenções serão necessárias

Para concluir as mudanças no trânsito da Ottokar Doerffel será necessário implantar algumas alterações nas vias, como reforço asfáltico na esquina com a Marajó – há um desnível – e a colocação de tachões. Desde esta segunda-feira, motoristas que trafegarem pelo local precisam ter cautela. A rua estará parcialmente interditada em dois pontos. Quem transita no sentido bairro-Centro deverá desviar para a rua Caçador e depois para a Concórdia. Já no sentido contrário, o tráfego segue em meia-pista em frente ao Cemitério Municipal.

Outra mudança, que permanecerá somente até a implantação do projeto total, é que os veículos não podem mais sair da rua Marajó e acessar a Marques de Olinda, sendo necessário desviar à direita para a Laurentino e depois à esquerda na rua Assú.

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