As instituições e seus eventuais ocupantes dispõem de um diagnóstico preciso das demandas mais urgentes dos brasileiros evidenciadas em pesquisas recentes realizadas pelos institutos Datafolha, Ibope e MDA. No conjunto, o que prepondera é a frustração com as carências em áreas essenciais como saúde e segurança e a preocupação generalizada com a corrupção.
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Apressadamente, pode-se concluir que as pesquisas indicam o que é óbvio. Se examinadas com cuidado, dão a dimensão da importância de cada questão e oferecem subsídios para que, se de fato desejarem, as autoridades se mobilizem em busca de soluções. É crescente, como se vê, a insatisfação com a incapacidade dos governos de corresponder às necessidades básicas. Um exemplo: 87% dos entrevistados em todo o país consideram baixa ou muito baixa a qualidade dos postos de saúde e dos hospitais. O assustador é saber que, apesar desse alto índice, não há nenhum movimento inovador no sentido de reverter uma situação que não é apenas precária _ é desrespeitosa e degradante. Fica evidente nas amostragens que a população estabelece uma relação entre a inépcia do setor público e os desperdícios e a corrupção. Pesquisas como essas constrangem o imobilismo de governos, de parlamentares e de outras esferas de poder.
É inaceitável que um país com tantas potencialidades, que corrigiu muitas de suas imperfeições da área econômica, seja incapaz de enfrentar com a mesma determinação os desafios das demandas sociais. É sintomático que o eleitor pesquisado defenda reformas estruturais na política e identifique os próprios políticos como alvos dos protestos de junho. O principal elemento presente nos levantamentos é um inquestionável desejo de mudanças, que precisará ser captado pelos pretendentes a cargos públicos e fazer parte dos seus compromissos.
Os levantamentos também oferecem subsídios para os cidadãos continuarem cobrando eficiência, ética e responsabilidade de seus representantes políticos, pois eles receberam seus mandatos e atribuições para trabalhar pela coletividade.
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