As inundações que aconteceram em janeiro no litoral de Santa Catarina foram agravadas pelas mudanças climáticas, apontou um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a World Weather Attribution (WWA). A organização mundial atua para dar respostas ágeis e com evidências científicas sobre o impacto das mudanças climáticas em eventos extremos — como ondas de calor, tempestades e inundações.

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A professora de Oceanografia da UFSC, Regina Rodrigues, assinou a análise em colaboração com o pesquisador da organização, Ben Clark.

Esses eventos são comuns em anos de La Niña fraca, como ocorreu em dezembro de 1995, quando 165 milímetros de chuva caíram na região metropolitana de Florianópolis em 36 horas. No entanto, o volume de chuva do evento mais recente em um período tão curto não tem precedentes”, diz o documento.

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O estudo indica que o fenômeno conhecido como “lestada” trouxe chuvas com volume muito acima da média. Florianópolis, por exemplo, atingiu quase o dobro de volume esperado para janeiro em menos de 48 horas, 390 milímetros.

— A diferença é que quando a gente tem uma atmosfera mais quente devido às mudanças climáticas, o volume de chuvas fica maior. É um fenômeno natural, que já acontecia antes, mas agora as chuvas ficam mais torrenciais — esclareceu a professora Regina à NSC TV.

Em um cenário em que o mundo aqueça mais 0,8°C em relação ao presente, eventos como esse seriam duas vezes mais prováveis e 4% mais intensos”, explicam os pesquisadores no estudo.

Conforme o levantamento, “ainda há poucas evidências sobre o papel do atual La Niña nesse evento, embora eventos desse tipo sejam comuns em anos de La Niña”, mas é possível identificar a influência das mudanças climáticas no fenômeno registrado.

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Veja imagens da chuva de janeiro em SC

Defesa Civil não conseguiu prever chuva

Nenhum órgão conseguiu prever o volume de chuva que atingiu as regiões de Santa Catarina principalmente nos dias 16 e 17 de janeiro.

— Os modelos enxergavam uma condição de circulação marítima onde acabou acontecendo a lestada, mas os volumes foram subestimados em termos do que aconteceu. A Defesa Civil vem fazendo um esforço de, cada vez mais, trazer os modelos mais regionalizados, ou seja, para a gente conseguir ter um modelo meteorológico que seja capaz de prever qual o volume de chuva e qual o sistema meteorológico que vai afetar o nosso Estado — pontuou o meteorologista Felipe Theodorovitz, da Defesa Civil, à NSC TV.

Isso inclui investimentos em sondagens meteorológicas, além de mais estações meteorológicas em Santa Catarina, segundo o meteorologista.

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Eventos semelhantes continuarão a se tornar mais frequentes e severos enquanto o mundo continuar queimando combustíveis fósseis”, conclui o estudo.

— A gente precisa entender e saber que isso está acontecendo porque a gente precisa se prevenir contra esse tipo de evento sabendo que eles estão ficando mais frequentes e mais intensos. Temos que exigir tanto do setor público como do setor privado que as cidades sejam planejadas de maneira mais resilientes — pontua a professora.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

**Com informações da NSC TV

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