Impactado com a escalada recorde de homicídios e a baixa resolubilidade dos crimes contra a vida, o comando da Polícia Civil na região de Joinville deverá sofrer mudanças.
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Esta é uma das medidas que o governo do Estado e a cúpula da Segurança Pública avaliam como necessárias, na tentativa de renovar a gestão e dar novo ânimo aos policiais civis diante do aumento da violência que atinge o município.
A discussão sobre a troca ainda está restrita aos bastidores. No cargo desde junho de 2006, o atual delegado regional Dirceu Silveira Júnior, experiente e ex-delegado-geral da Polícia Civil, dificilmente permanecerá na função em 2016, conforme revelaram à reportagem fontes do governo e da Segurança.
A substituição já tem o aval do governador Raimundo Colombo, mas ainda não há um nome para assumir o cargo, apenas o desejo de que tenha perfil operacional e motive o reduzido efetivo. A alteração deverá entrar na proposta de reengenharia do efetivo e delegacias do município.
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Hoje, o índice de resolubilidade dos homicídios — já são 122 mortes entre assassinatos, latrocínios (roubos seguidos de morte) e confrontos com a polícia — é de apenas 24%. Em Florianópolis, foram 56 homicídios desde janeiro e a média de resolução dos casos é de 66,67%.
A produtividade em Joinville não alcança a média estadual, que é de 50,40%%. E seria este o motivo técnico para a troca de Dirceu, já que na categoria, politicamente e na comunidade o policial tem prestígio.
Se na Civil há dificuldade de investigação, na Polícia Militar há um raciocínio de representantes sindicais da categoria que faltam, além de mais policiais, acesso a armamento pesado (novos fuzis) e reforço no policiamento especializado para crises.
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Mas os problemas vão além de mudanças nos comandos ou de reposição do quadro. Fontes afirmaram que não há integração entre as duas polícias nas áreas de inteligência e com o Ministério Público e o Judiciário, situação que se repete em outras cidades.
Execuções em circunstâncias nebulosas
Para piorar a crise na segurança joinvilense, permanecem nebulosas as circunstâncias de seis dos sete assassinatos em série que aconteceram na madrugada do último dia 6, na zona Sul de Joinville.
Há, entre os crimes, cenas típicas de execução. Duas das vítimas, Ederson Bonette, 27 anos, e Adão Pereira da Silva, 37, foram mortos ajoelhados, de costas, e com tiros na nuca em uma obra em construção no Guanabara.
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As polícias não acreditam em retaliação de PMs por causa de uma tentativa de homicídio envolvendo um policial militar baleado dois dias antes, também na zona Sul, e investigam briga de facções como motivação das execuções.