O ônibus para no ponto e o embarque começa, mas antes de todos passarem pela primeira catraca quem não possui o cartão eletrônico precisa pagar ao cobrador ou ao próprio motorista. O ato é simples, mas demora quando uma multidão aguarda ainda do lado de fora do transporte coletivo da Viação Verde Vale, empresa de Gaspar. Para acompanhar o drama de passageiros e funcionários após a mudança no sistema de pagamento da passagem, em janeiro deste ano, o Santa embarcou em um ônibus que faz o trajeto Blumenau a Gaspar.

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Nos primeiros pontos o processo ocorreu de maneira tranquila, mas onde a concentração de pessoas foi maior, como na parada da Rua 7 de Setembro, a espera foi de cinco minutos. A viagem durou uma hora e o tempo de permanência nos 21 pontos foi de 26 minutos. Em movimento, o percurso levou cerca de meia hora. Antes da implantação do novo sistema, toda a viagem durava pouco mais de 30 minutos. De carro o trajeto de aproximadamente 15 quilômetros leva menos de 20 minutos.

Com o novo sistema de cobrança, todos os veículos foram modificados e receberam duas catracas – uma na dianteira, para a entrada de passageiros, e outra na traseira, para a saída. O passageiro Kleithon Otte, que depende do transporte coletivo para ir trabalhar em Gaspar e estudar na Furb, conta que desde a mudança os atrasos têm sido frequentes. Segundo Otte, todos comentam dentro do ônibus que a empresa errou ao adaptar o sistema desta forma e colocar o motorista para efetuar a cobrança. .

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– Moro em Blumenau, trabalho em Gaspar e estudo em Blumenau. Assim, preciso chegar na faculdade até 18h50min. No ano passado já reprovei em uma matéria por conta do atraso, imagina agora. Em janeiro não cheguei um dia antes das 19h05min em Blumenau – preocupa-se.

Entre idas e vindas ele também já presenciou e registrou em vídeo uma viagem em que o motorista desmonta a catraca da traseira que não parava de apitar.

Motoristas acumulam funções

Além de ter de escutar as reclamações e até mesmo desaforos dos passageiros, alguns funcionários da empresa estão executando dupla função: cobrador e motorista. Em vários ônibus, além do motorista, um funcionário orienta sobre a mudança e fica atento aos possíveis problemas, mas apenas o condutor cobra a passagem e libera a catraca antes de seguir viagem.

Segundo o presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos e Trabalhadores nas Empresas de Logística e de Transporte de Carga e Passageiros de Blumenau (Sintroblu), José Vilmar Zimmermann, as mudanças e a alteração na rotina dos funcionários está sendo acompanhada de perto.

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– O motorista não pode fazer o que não está no contrato dele. Se o profissional não estiver de acordo não tem a obrigação de fazer a cobrança. Estamos monitorando e conversando com os funcionários para resolver problemas pontuais – ressalta Zimmermann.