A mudança de endereço do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do bairro Agronômica, na Ilha, para a região Continental de Florianópolis, ocorreu em fevereiro. O objetivo era desocupar o imóvel para que o município pudesse reformar o local. No entanto, a transferência dos atendimentos expôs outra situação: o contrato de cessão do imóvel. As informações são na NSC TV.
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Isso por que, a casa na Agronômica pertence ao governo do Estado e estava cedida ao município. Em entrevista à NSC TV, o secretário municipal de Saúde, Carlos Alberto Justo da Silva, explica que o contrato, com vigência para 20 anos, acabou em 2015. No entanto, o fato só veio à tona após a mudança para o continente, quando o município manifestou desejo de reforma a antiga sede.
Para contornar a situação, um novo pedido de cessão teria sido feito, porém, esses processos por parte do Estado estão suspensos até a metade deste ano. No entanto, no próximo dia 13 de junho haverá uma reunião entre a prefeitura de Florianópolis e o Estado para discutir o assunto. A esperança do município é de que o governo continue sendo parceiro e entenda o interesse social que há por trás disso.
A Secretaria Estadual de Administração disse, em nota, que está trabalhando para solucionar o impasse com a prefeitura, mas não confirmou se deve renovar a cessão da casa para o município. Recentemente, o local chegou a ser invadido e a fiação elétrica, furtada. Além do prejuízo com os fios de cobre, o interior da casa também está sujo e os itens deixados foram revirados. A casa deve ser lacrada até que o impasse seja solucionado.
Pacientes estranham a mudança
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) atende pessoas com transtornos mentais graves e, desde a mudança para o outro lado da ponte, alguns pacientes relatam dificuldades para se deslocar até a nova unidade.
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No atual espaço, localizado no Estreito, os pacientes contam que se sentem estranhos, como se estivessem na casa de outra pessoa. São pelo menos 300 pacientes que esperam pela reforma da antiga casa — que funciona há mais de 20 anos —, mas o local está fechado desde fevereiro deste ano.
A psicóloga do local, Terezinha Zezulka, explica que as pessoas que costumam procurar pelo CAPS da Ilha, não têm uma estrutura familiar e acabam encontrando no local este conforto. É o caso de Carla de Oliveira. A paciente conta que aprendeu a lidar com transtornos e também a respeitar a dor do próximo. Ao longo dos anos, o centro se tornou uma segunda casa para Carla. Diferente de Carla, outra paciente, Lenice Bandeira, não tem mais ido à terapia depois da mudança.
— Desde fevereiro, que o CAPS mudou para o Continente, eu fui só duas vezes, então o meu tratamento tá parado — lamenta ao contar que tem bloqueio na hora de atravessar a ponte.