O ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo Jair Bolsonaro, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, chamou de “estapafúrdia”, “absurda” e “fora de qualquer ética” a decisão do presidente de demitir o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. A entrevista foi dada ao Jornal da CBN desta quarta-feira (31). 

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Os chefes das Forças Armadas – Edson Pujol (Exército), Antonio Carlos Moretti (Aeronáutica) e Ilques Barbosa Júnior (Marinha) – decidiram colocar os cargos à disposição, após reunião com o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, nesta terça. Os três estavam no cargo desde o primeiro mês do atual governo. Novos nomes estão sendo avaliados. 

– Trocar de ministro é uma coisa que acontece, qualquer governo faz sua reforma. Agora, comandantes militares são operacionais e não fazem dessa camada política. São pessoas com 45 anos de serviço, testadas dentro das corporações. Retirá-las sem dar o mínimo de satisfação é inadmissível, uma desconsideração com o cargo e com o público. Isso indica vários tipos de problemas da cabeça de quem faz uma coisa dessa – declarou Santos Cruz. 

Ainda sobre o presidente Bolsonaro e sua gestão, o ex-ministro falou em “deformação de comportamento” que pode levar a “surpresas desagradáveis”. “Você pode esperar qualquer coisa”, opinou o general. 

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Sobre uma adesão de comandantes militares em um possível golpe – há exatos 57 anos, ocorreu o golpe de 1964 – ou até mesmo um autogolpe, Santos Cruz declarou que isso se trata de “uma percepção completamente sobre as Forças Armadas”. Ao comentar sobre movimentos pela reeleição do atual presidente, o general fala em deixar a população “acertar o seu caminho”.

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– Infelizmente, em dois anos e pouco, está se conseguindo cometer “desastres comportamentais” que não recomenda que se tenha ele (Bolsonaro) de novo. Acho que é preciso dar oportunidades a outros. Por isso existe eleição de quatro em quatro anos: para a sociedade corrigir e eleger novas opções – disse o general da reserva.  

Ouça a entrevista com o general Santos Cruz para a CBN

O general Santos Cruz deixou o governo federal em junho de 2019, após se envolver em crises com os filhos do presidente e com o escritor Olavo de Carvalho. Com a experiência de quem comandou forças da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti e no Congo, Santos Cruz apontou que “o fanatismo gera violência” e que não se deve deixar que o Exército seja arrastado para a vida política. 

– Esse comportamento não é só o presidente, há grupos que têm esse desejo. É uma parcela pequena que precisa entender que a solução não está na porta dos quartéis. A Constituição é a nossa lei. As Forças Armadas não são o Poder Moderador. Se tiver necessidade, elas auxiliam em coisas da política interna, mas não para manter grupo A ou B no poder – defendeu o ex-ministro. 

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