A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje que as mudanças climáticas já são responsáveis por cerca de 150 mil mortes a cada ano, causadas pela propagação mais rápida de doenças como malária, diarréia, desnutrição e infecções disseminadas durante enchentes. Mais da metade das mortes acontece na Ásia, disse o diretor regional da OMS na Ásia, Shigeru Omi.
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A OMS também alertou hoje que milhões de pessoas poderão sofrer com a pobreza, doença e fome como resultados do aquecimento global e das mudanças no regime das chuvas, algo que deverá atingir de maneira mais dura os países mais pobres.
Os mosquitos transmissores da malária são o sinal mais claro que o aquecimento global começou a causar impacto na saúde humana, disse Omi. Segundo ele, agora esses mosquitos aparecem em lugares com o clima mais temperado, como a Coréia do Sul e as montanhas altas de Papua Nova Guiné. Um clima mais quente também significa que o ciclo reprodutivo dos mosquitos fica mais breve, o que permite aos insetos uma multiplicação mais rápida. Isso aumenta ainda mais a ameaça de doenças.
O número alto de casos de dengue na Ásia, doença que também é transmitida por mosquito, pode ter acontecido por causa das temperaturas mais altas e das fortes chuvas, mas Omi disse que mais estudos são necessários para estabelecer a conexão entre doenças e mudanças climáticas. Em Genebra, a chefe da OMS, Margaret Chan, disse que a realidade da mudança climática “não pode mais ser posta em dúvida. Os efeitos já são sentidos.” Ela citou doenças cuja maior propagação é mais sensível ao clima, como a dengue, da qual a América do Sul sofre hoje um surto, e o cólera, que atacou Angola por causa das chuvas e enchentes. Ela também pediu mais empenho no combate à malária.
Chan disse que mudança climática e saúde deveriam ser abordadas pelos líderes do G-8, os sete países mais industrializados e a Rússia, que se encontrarão no Japão no próximo mês.
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– Não abordar a questão do impacto da mudança climática na saúde irá arruinar o investimento já feito em apoio aos países em desenvolvimento – disse ela.