O avanço de 0,6% da economia no primeiro trimestre decepcionou tanto especialistas do setor privado quanto do governo, que apostavam em um crescimento mais robusto no início do ano. A surpresa maior, no entanto, não foi o número divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas os fatores que impactaram o resultado: o consumo das famílias, até então o grande motor do desenvolvimento do país, perdeu fôlego nos três primeiros meses de 2013.

Continua depois da publicidade

A alta de apenas 0,1% é bem menor que o 1,2% registrado no último trimestre do ano passado. Por outro lado, o fluxo de investimento produtivo, apontado como um dos principais entraves para o crescimento do país, voltou a reagir.

Com o resultado, o governo já dá sinais de que pode mudar a receita – bastante utilizada durante a última década – para fazer a economia crescer. Em anos anteriores, utilizou a oferta de crédito e a redução da tributação como artifício para incentivar os gastos das famílias.

A mudança de estratégia é elogiada por críticos que há algum tempo apontam um esgotamento no modelo de expansão baseado no consumo. Mas também é visto com prudência por especialistas que ressaltam a possibilidade do avanço de 4,6% no investimento produtivo ter sido apenas um soluço.

– Esse número positivo é reflexo da comparação com uma base comprimida. O investimento produtivo leva muito em consideração a produção de equipamentos e máquinas, que teve queda forte no ano passado. A produção de ônibus e caminhões em 2012, por exemplo, recuou 36% – avalia Igor Morais, da Vokin Investimentos.

Continua depois da publicidade

Rita Mundin, professora da Fundação Dom Cabral, lembra que a construção civil, o outro componente forte no cálculo do investimento produtivo, retraiu 0,1% no período, reforçando a relevância da produção de equipamentos e máquinas no resultado do primeiro trimestre.

– Ainda é cedo para dizer se esse é um cenário duradouro – diz Rita.

Depois da divulgação dos dados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou que vai rever para baixo a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, que no início do ano era de 3,5%. Analistas do mercado financeiro também já começam a reavaliar estimativas para 2013. Projeções que já haviam recuado de 3,26%,em janeiro, para 2,93%, em maio, tendem a cair ainda mais.

– Apostava em 3%. Passamos a trabalhar com 2,5% – conta Thaís Marzola Zara, da Rosenberg Associados.

A economista era a menos otimista entre os especialistas ouvidos por Zero Hora na terça-feira para tentar antecipar o desempenho da economia no primeiro trimestre. Thaís apostava em um avanço de 0,7%.

Continua depois da publicidade