O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou 18 fazendas em várias regiões do Brasil nos últimos três dias em uma campanha para exigir maior rapidez no processo de reforma agrária. Nos últimos três dias, os sem-terra invadiram 14 fazendas em Pernambuco, uma em São Paulo, uma em Alagoas, uma em Roraima e outra no Rio Grande do Sul, segundo o MST, que representa cinco milhões de trabalhadores rurais, de acordo com dados da organização.
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A fazenda ocupada no sábado em São Paulo é da Companhia de Bebidas das Américas (AmBev). A série de invasões faz parte de outro “abril vermelho” que o grupo promove todos os anos para lembrar a morte de 19 sem-terra, em 17 de abril de 1996, no Massacre de Eldorado do Carajás, no Pará. O massacre ocorreu quando a polícia recebeu ordem para desbloquear uma estrada no Pará na qual os sem-terra tinham montado barreiras para exigir a desapropriação de uma fazenda vizinha.
– Depois de 12 anos do massacre no Pará, que matou 19 trabalhadores rurais, deixou centenas de feridos e 69 mutilados, permanecem soltos os 155 policiais participantes da operação – diz o MST.
Dos 144 acusados oficialmente, apenas dois policiais foram condenados, mas esperam a análise do recurso da sentença em liberdade.
A maior mobilização no atual “abril vermelho” aconteceu em Pernambuco, onde 2,5 mil famílias do MST ocuparam as áreas para “denunciar a lentidão da reforma agrária e exigir o assentamento das 150 mil famílias acampadas em todo o país” enquanto esperam terras. O MST alega que todas as propriedades ocupadas são improdutivas, e que, constitucionalmente, podem ser desapropriadas pelo Estado para serem incluídas nos programas de reforma agrária.
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Outros 800 sem-terra invadiram hoje a fazenda Southall, com 13 mil hectares de área, no Rio Grande do Sul e alegaram que a propriedade acumula dívidas de R$ 50 milhões com os cofres públicos. Segundo o MST, esta fazenda, disputada por empresas de celulose, já tinha sido desapropriada em 2003, mas o processo foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A área de 400 hectares invadida por 200 famílias do MST em Alagoas pertence ao extinto Produban (Banco do Estado de Alagoas), que faliu pela falta de pagamento de empréstimos feitos a usineiros da região.
Quanto à fazenda Águas do Pilintra, da AmBev, em Agudos (SP), o MST reconhece que a área é utilizada para o plantio de eucalipto e cana-de-açúcar, mas afirma que a propriedade faz parte de uma região com 10 mil hectares de terras que pertencem à União e que nunca foram regularizadas.
A fazenda ocupada por 500 pessoas na região do Bom Entento, em Roraima, também pertence ao governo federal e não foi aproveitada para a reforma agrária.
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– Vamos ficar por tempo indeterminado. Pelo menos até conseguirmos infra-estrutura em outros assentamentos (da reforma agrária em Roraima) – afirmou o integrante da coordenação do MST, Ezequias David.