– Tenho medo de avião e de água. Tenho pavor, prefiro andar sobre o braseiro de São João a entrar no mar.
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Essa foi a primeira coisa que Mr. Pi disse ao embarcar no carro da reportagem. Informação bastante útil por sinal, já que ele estava a caminho do Surfe com o DC. Para ciceronear o convidado, chamamos Mik Silva, o gerente de programação e produto da Atlântida Floripa, que não mantém com a prancha a mesma intimidade que tem com o rádio. Muito pelo contrário.
Então, para evitar maiores danos, achamos por bem pedir socorro ao surfista Guga Arruda, que também é fabricante de pranchas e surfe-repórter da Atlântida. Nessas horas nada mais adequado do que contar com ajuda profissional (afinal, não tínhamos um salva-vidas a mão). Fomos até a casa dele, no Rio Tavares, que tem a praia como quintal. Guga tratou de tranquilizar Mr. Pi dizendo que havia uma bancada de areia e que ele poderia caminhar no mar com facilidade.
– Caminhar sobre as águas já me agrada mais, me dá uma sensação de Jesus Cristo. Problemas de afogamento não teremos então? Surfe é esporte radical, né? Odeio esporte radical. Pra que, tchê? – afirmou o PB com toda a sinceridade.
Durante a aula teórica já deu para ter uma noção do que viria pela frente, já que Pi não conseguia nem mesmo definir qual era sua perna de apoio. Sanadas as dúvidas (na medida do possível), o trio partiu para o aquecimento – uma peladinha com uma bola que o Pretinho encontrou e resgatou do meio do mato no caminho da praia – e caiu na água. O resultado, que apesar de todo o esforço do professor dá para imaginar qual foi, você confere aí no vídeo.
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Depois de uma meia hora pegando (ou pelo menos tentando pegar) onda, Pi saiu do mar e soltou esta:
– Tem um pulmão novo? Não tenho preparo algum para isso. Tomei uns oito litros de água. Muito melhor ficar aqui sentado na areia.
Questionado sobre o desafio, ele deu a seguinte explicação:
– Quando você vê uma pessoa talentosa fazendo algo que parece fácil, assim como o Guga, pode acreditar que é muito difícil. Quando eu consegui encontrar o centro de equilíbrio, não tinha mais força para subir na prancha. Tudo que queria agora era deitar no quarto do hotel em silêncio absoluto e de preferência pelado. Queria só tirar o calção e deu!
Mik Silva, que já tinha tentado surfar uma vez, disse que apesar de esta ter sido mais difícil, ele preferiu não se esforçar muito para não ofuscar o brilho de Pi:
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– Não quis tirar o foco dele, fui um verdadeiro cavalheiro e respeitei o convidado.
Guga Arruda, educado como ele só, optou pela diplomacia ao dizer que a dupla se saiu bem e que tudo ocorreu conforme o esperado (leia-se: deu tudo errado!). O cara aliviou ainda mais a barra dos alunos ao explicar que o mar estava complicado e que as condições não eram as mais adequadas para iniciantes. Aham, sei!