O Ministério Público Federal (MPF) deu início, neste mês de agosto, a uma série de reuniões com as comunidades afetadas pela lavra de carvão em subsolo no Sul de Santa Catarina.
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Em um primeiro momento, seis comunidades afetadas por 11 minas serão atendidas para receber esclarecimento sobre o processo de indenizações a serem pagas pelas empresas mineradoras, pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) por danos morais e materiais.
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Devido à mineração subterrânea, rachaduras afetaram casas na região, além de registros de secamento de poços e danos ambientais, especialmente em consequência do uso de explosivos.
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As indenizações são fruto de uma ação civil pública de autoria do procurador Darlan Dias, ajuizada em 2010, que também busca prevenir, interromper e reparar os danos ambientais causados por minas subterrâneas.
– As minas de carvão em subsolo, historicamente, têm causado problemas ambientais e problemas para as pessoas que moram ou têm propriedade em cima das minas. No ano passado saiu a sentença favorável e nós estamos agora em fase de execução provisória da sentença, chamando os superficiários para se habilitarem nessa sentença e poder receber os valores que lhes são devidos – apontou o procurador.
O MPF estabeleceu um cronograma que, em uma primeira etapa, atenderá as comunidades que tiveram mais reclamações. A primeira lista abrange comunidades de Forquilhinha, Treviso, Lauro Müller e Criciúma, com reuniões agendadas ao longo do mês.
Além de indenizar os moradores, as empresas mineradoras, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) foram condenados a reparar os danos ambientais.
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As empresas também foram condenadas a pagar aos moradores afetados a participação na lavra, que equivale a 1% do faturamento líquido da mina, direito assegurado na Constituição e na Lei nº 8.901/94, mas que não vinha sendo pago.
Outra conquista da ação é que, em 2014, a Justiça Federal determinou o cumprimento de uma série de providências para melhorar a segurança nas minas de subsolo e garantir maior fiscalização da atividade.
Tremores de terra
Um dos problemas mais graves afetou a comunidade de Linha São José, em Forquilhinha. Além de rachaduras nas casas e no solo, a população tem sofrido com tremores de terra, questão que está sendo acompanhada pelo MPF e pelo DNPM.
– Em princípio (os tremores) são causados por colapso de pilares que foram mal feitos, com uma dimensão menor, em um tempo pretérito. Neste momento o que dá para fazer é acompanhar a situação do solo na região e ficar atento quanto a danos maiores, mas não há como impedir o fenômeno. É justamente esse tipo de coisa que motivou a propositura da ação. Agora é acompanhar e mitigar os danos, além de indenizar os superficiários – apontou Dias.
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Segundo o DNPM, é normal que ocorram tremores em áreas próximas a minas subterrâneas, devido ao processo de assentamento da terra. Entretanto, é preciso fazer um estudo na comunidade afetada para verificar se a movimentação está dentro dos parâmetros de normalidade.
A realização do estudo ficou por conta da Defesa Civil de Nova Veneza, que deve contratar um geólogo para o trabalho, ainda sem previsão para iniciar.