O Ministério Público Federal em Santa Catarina enviou à Justiça nesta segunda feira (18) mais uma denúncia relacionada à operação Ouvidos Moucos, que envolve desvio de recursos públicos nos contratos de fundações da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Na época em que a Polícia Federal realizou a ação, o então reitor da instituição, Luiz Carlos Cancellier, foi preso temporariamente. Menos de um mês depois, ele cometeu suicídio.

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Em julho deste ano, o MPF encaminhou a primeira denúncia à Justiça, acusando 13 pessoas por envolvimento no esquema. Dessa vez, são citadas outras sete pessoas, entre as quais dois professores da UFSC e duas funcionárias ligadas à instituição, além de dois empresários catarinenses.

À época, a investigação revelou que fundações de apoio teriam contratado serviços de forma irregular, com dinheiro público. A acusação endereçada à Justiça detalha despesas com locação de veículos e motoristas, que teriam sido pagas através da fundação de pesquisa da universidade. O grupo, ainda segundo denúncia, teria desviado dinheiro, por meio do esquema, entre os anos de 2008 e 2017.

O MPF atribui aos suspeitos crimes de fraude em licitação, falsidade ideológica, uso de documento falso e peculato – delito praticado por funcionário público. Cabe à Justiça Federal decidir, nos próximos dias, se acolhe a denúncia e abre prazo para manifestação do grupo ou se arquiva o documento com as acusações.

Investigação

O MPF apurou um esquema no Ensino à Distância de Física da UFSC envolvendo os professores Márcio Santos e Sônia Maria Silva Correa de Souza Cruz, a secretária Lúcia Beatriz Fernandes, a funcionária Maria Bernadete dos Santos Miguez, o sócio-administrador da empresa S.A. Tour Viagens e Turismo Ltda, Murilo da Costa Silva, e o proprietário da AJC Agência de Viagens e Turismo Eireli ME, Aurélio Justino Cordeiro.

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De acordo com o MPF, eles superfaturavam os preços pela locação de veículos com motorista, e também fariam uma simulação de pesquisa de preços pra compor os processos de locação.

O dono de uma das empresas, Murilo da Costa Silva, também é suspeito de cobrar comissão pra emprestar o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) para a outra empresa, de Aurélio Justino Cordeiro, que teria restrições cadastrais na Fapeu.

Maria Bernadete dos Santos Miguez, Lúcia Beatriz Fernandes, Márcio Santos, Sônia Maria Silva Corrêa de Souza Cruz, Murilo da Costa Silva, Aurélio Justino Cordeiro foram denunciados pelos crimes de fraude em licitação e peculato.

Murilo da Costa Silva e Aurélio Justino Cordeiro também foram denunciados por falsidade ideológica por simular contratações.

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Contrapontos

Murilo da Costa Silva: O empresário preferiu não comentar o assunto. A defesa dele não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Aurélio Justino Cordeiro: O advogado do empresário, Rodrigo Naus, informou que a defesa ainda não foi intimada e preferiu não se manifestar por ora.

Lúcia Beatriz Fernandes: A assistente administrativa preferiu não comentar o assunto.

Maria Bernadete dos Santos Miguez: A funcionária também preferiu não comentar a denúncia.

Márcio Santos: O professor disse que por enquanto prefere não comentar o assunto.

Sônia Maria Silva Correa de Souza: A reportagem não conseguiu contato com a professora até esta publicação.

Luciano Acácio Bento: A reportagem não conseguiu contato com Luciano até esta publicação.