Ansiedade, emoção e um pouquinho de vergonha. Esses sentimentos se somam ao vestido clarinho rodado, às luvas, cabelo e maquiagem arrumados para a primeira apresentação à sociedade. O nervosismo é justificável, afinal, essas meninas de 15 anos provavelmente serão apresentadas a seus futuros maridos e sogros. É um grande passo e qualquer falha pode estragar a noite.

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Talvez esse fosse o clima nos bastidores dos bailes de debutantes nas décadas passadas, quando as famílias se preparavam para apresentar suas filhas aos conhecidos e dar início à vida adulta delas. Naquele tempo, a garota só podia frequentar festas noturnas e bailes depois de debutar. Elas também usavam seus primeiros sapatos de salto e vestidos de festa na noite do début. Era como um ritual de passagem para a vida adulta e era assim que muitas adolescentes conheciam seus maridos.

Até 2001, um pomposo baile de debutantes ainda era realizado aqui em Joinville. Depois disso, a tradição se perdeu, talvez pela mudança nos costumes das famílias e nas rotinas das meninas, que não precisavam mais de apresentação. Com o passar do tempo, o baile foi sendo trocado por viagens à Disney, festas particulares mais moderninhas e outros mimos. As idades para sair à noite foram mudando e as convenções acabaram sendo deixadas de lado.

O ritual se perdeu, mas será resgatado do esquecimento neste ano em Joinville por uma empresa de eventos. A ideia foi fazer o mesmo caminho dos bailes de antigamente, com encontros antes da festa entre as meninas e a madrinha do baile, coquetéis, lanches e aulas de etiqueta e de dança, por exemplo. Um movimento – ainda tímido, é verdade – de seis meninas deve voltar a fazer o ritual ser revivido e comemorado no próximo fim de semana. A maioria das debutantes estuda na mesma escola. Uma acabou convencendo a outra a participar.

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Os ares são mais modernos, as meninas já têm outras aspirações, mas as mães cultivam o mesmo sentimento que as mães delas cultivavam: ver a filha ser apresentada para a sociedade, independentemente se essa é a primeira vez em uma festa noturna e com salto, como era antigamente. Esse resgate pode ser a sementinha que faltava para aguçar o interesse no tradicional evento.

Talita Silva, proprietária da TS Eventos, realizadora do evento, que ocorre no dia 13 na V12 Lounge, diz que teve a ideia do baile porque tem feito muitas festas de 15 anos na cidade.

– Pensei que o baile, por ser mais em conta que uma festa desse porte e bancada por só uma menina, poderia atender a toda a população -, conta Talita, que está feliz com a adesão das seis meninas, mas esperava mais.

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– Pelas conversas e divulgação que fizemos, vi que as garotas não sabem o que é o baile e mesmo assim não querem participar. Para elas, é uma coisa antiga, distante e que não condiz mais com seus anseios.

Mesmo assim, a TS garante que deve voltar a realizar a festa no ano que vem.

– Em Blumenau, onde existe uma tradição em baile de debutantes, ano passado foram apenas dez meninas -, pondera Talita.

SIMBOLOGIAS

SAPATOS

– O sapato alto é o símbolo da idade adulta para mulher. Atualmente, nem tanto, já que até sapatos infantis têm um pequeno salto, mas o modelo já foi exclusividade das adultas. Em alguns bailes, a troca do sapato é um ritual. A menina troca o sapato mais infantil pelo de salto para dançar a valsa.

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ANEL

– Madrinhas eram as respon-sáveis por dar anéis a suas afilhadas no baile de debutantes. A meia-aliança, em alguns casos, mostrava que a garota estava crescendo e já podia namorar e frequentar bailes.

PRIMEIRA DANÇA

– Antes, e talvez até hoje em dia, poucas meninas dançaram a valsa antes de seu baile de debutantes ou aniversário de 15 anos. É na primeira valsa que a garota baila com o pai, avô, tio, padrinho, amigo e/ou namorado.

LUVA

– Para Talita Silva, organizadora do baile deste ano em Joinville, a luva representa a passagem da condição de menina para a de moça. Ela diz que a retirada da luva para a colocação do anel pelo pai da menina mostra essa transformação.

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