Sem sucesso no encontro desta terça-feira com o prefeito Cesar Souza Júnior, os integrantes do Movimento Passe Livre afirmam que vão continuar realizando protestos em Florianópolis até que haja redução no valor da tarifa.

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É o que sinalizou Guilherme Basto Lima, um dos líderes da manifestação desta terça-feira no Centro. Ele era um dos que portavam megafones e discursavam à população e depois um dos que puxavam a frente do grupo que saiu às ruas.

Militante do Movimento Passe Livre e Frente de Luta Pelo Transporte Público, Guilherme é carioca, tem 28 anos, mora há sete meses em Florianópolis e diz ser estudante do curso de relações internacionais em Belo Horizonte (Minas Gerais). Confira a seguir os principais trechos da entrevista dada ao DC à tarde, na frente da Catedral.

Diário Catarinense – Qual a principal reivindicação?

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Guilherme Basto Lima – A gente busca a tarifa zero. A gente entende que a tarifa cobrada hoje é cobrada duas vezes, porque a gente já paga imposto. As empresas já ganham isenção fiscal para operar esse serviço que é um transporte público. Então elas tem só essa prerrogativa de operar esse serviço. A taxa de lucros que elas têm hoje é coisa absurda. A gente quer abrir essa caixa-preta, que o prefeito preste contas para a gente, dizer qual a empresa que tem lucro, abrir o debate.

DC – Qual a avaliação da conversa de hoje com o prefeito?

Guilherme – Não estive lá. A gente busca tarifa zero. A gente está insatisfeito e vamos cobrar isso. Ele (prefeito) vai ter que se posicionar. Não pode dizer que por não ter aumentado a tarifa ele não vai baixar.

DC – O grupo reivindicou redução de 8%…

Guilherme – Exatamente. Ele (prefeito) tem que apresentar uma redução da tarifa à sociedade. Em mais de 50 cidades do Brasil já reduziram a tarifa de ônibus. A gente entende que Florianópolis não pode ficar de fora dessa movimentação.

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DC – A reivindicação busca a redução imediata?

Guilherme – Imediata. A cidade vai parar.

DC – Está incluso nos protestos o fechamento das pontes de novo?

Guilherme – Hoje a vai deliberar em assembleia o que a gente vai fazer. Não temos o intuito de causar transtorno à população, mas a gente entende que uma das ferramentas da manifestação é ocupar as ruas, o que a gente está fazendo agora. A gente não definiu a trajetória.

DC – Nos dois fechamentos das pontes que teve houve muita revolta da população. Como o movimento vê isso?

Guilherme – A revolta da população que quer chegar em casa é uma revolta compreensível. Ninguém gosta de ficar parado durante cinco, seis horas.

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DC – Havia integrantes do Movimento Passe Livre naquele último grupo que permaneceu até o final no fechamento das pontes?

Guilherme – Não. Não eram integrantes do Movimento Passe Livre, que fez assembleia e se retirou.

DC – Como vê esses confrontos com a polícia pelo País?

Guilherme – Até agora aqui eles estão comportados. Sempre há receio de violência pelo que a gente está vendo pelo resto do País. A gente é um movimento pacífico, que tem histórico de luta e estamos aí para provar que a gente é contra atos de depredação de patrimônio público. A polícia se quiser vai ver o caráter dela (da manifestação).

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O que disse o prefeito Cesar Souza Júnior:

À tarde, o prefeito Cesar Souza Júnior afirmou por sua assessoria de comunicação que sonha em implantar a tarifa zero, mas que precisa ter responsabilidade.

Segundo ele, o transporte coletivo é caro e ineficiente, razão pela qual a prefeitura iniciou a nova licitação e não permitiu – nem permitirá – reajuste nas passagens. Cesar observou que isentou todos os tributos municipais possíveis que incidem sobre o transporte e, além disso, concede subsídio de R$ 16 milhões/ano às empresas.