Nesta segunda-feira (13) é considerado o dia da Abolição da Escravatura no Brasil. O Movimento Negro Maria Laura não avalia a data como uma comemoração, e sim, como um período reflexivo.
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Conforme Rhuan Carlos Fernandes, responsável pelo Movimento Negro Maria Laura, a abolição não devolveu a dignidade dos africanos e afro-brasileiros que foram escravizados durante 388 anos.
— Não é uma data comemorativa, ainda mais pelo ponto de vista de acesso à cidadania, aos direitos básicos. Como diz Clóvis Moura, a cidadania da população negra no Brasil é incompleta, porque não teve acesso à terra, aos direitos, e teve a maioria das suas culturas proibidas e criminalizadas. A abolição e o processo violento e desigual que acarretou a escravidão não permite que o dia 13 de maio seja um dia de celebração.
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Apesar da abolição, a população negra ainda sofre com ataques e preconceitos constantes na sociedade. De acordo com Rhuan, não tem como compreender a construção do mundo hoje sem falar sobre a escravidão.
— É uma discussão muito relevante quando a gente pergunta se realmente a abolição foi uma abolição de fato, e não foi. Ninguém é escravo, ninguém é naturalmente escravo. Alguém te coloca nessa posição para explorar sua mão de obra. A escravidão negra vai partir da narrativa europeia, onde uns eram mais civilizados por sua pele clara, olho azul, uma característica corporal que garantia uma certa superioridade — explica Rhuan.
No dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra. Esta é uma data comemorativa, pois representa um quilombo de quase 100 anos de existência e com, aproximadamente, 30 mil habitantes que representa a primeira organização política de resistência ao sistema escravista.
— A partir de um movimento negro organizado, foi instituído a comemoração no dia 20 de novembro, dia da morte do Zumbi dos Palmares. Ele representa uma trajetória de luta coletiva que, infelizmente, acaba com o fim do quilombo — comenta.
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Movimento Negro Maria Laura homenageia ativista da cidade
O movimento surgiu em 2015, homenageando a professora Maria Laura que foi ativista do movimento negro em Joinville. A ativista foi diretora por 27 anos da E.E.B João Colin, presidente do Instituto Afro-brasileiro na cidade, além da atuação dentro do Quênia clube, sendo uma figura importante na luta antirracistas.
— O movimento tem a cara de cada um. Desde 2015, prezamos em construir espaços que representam cada militante — relata Rhuan.
Atualmente, o Movimento Negro Maria Laura promove o cursinho Inserção para jovens da periferia terem acesso ao ensino superior. Além disso, o cursinho Pré-pós Inserção também organizado pelo movimento auxilia pessoas negras a entrarem na pós-graduação. Mais recentemente, o movimento também passou a participar do Movimento Mais Universidade, que reivindica expansão do ensino superior na cidade.
O Movimento Negro Maria Laura também promove auxílio psicológico aos militantes e vítimas de racismo, e o Senegão Futebol Clube que oferece espaços de confraternização e incentiva a prática esportiva.
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