Ativistas do movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgênero (LGBTTT) de Florianópolis protestaram nesta segunda-feira à noite, 27, contra a agressão sofrida por um casal de homens ainda na madrugada, após um ensaio da União da Ilha da Magia (UIM), em uma praça na Lagoa da Conceição. O espaço escolhido para a manifestação, organizada pelo Conselho Municipal dos Direitos LGBT, é o mesmo onde o episódio ocorreu e, segundo o presidente da União da Ilha da Magia, Valmir Braz de Souza, cerca de 50 pessoas participaram do ato.

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A escola de samba, no entanto, nega que os autores da violência integrem a bateria e sequer façam parte da agremiação, conforme teriam garantido as próprias vítimas. Durante o protesto também foi lido a mensagem oficial que a escola publicou em sua página no Facebook. No texto, a UIM “repudia qualquer atitude homofóbica”. As vítimas, Vítor Delboni, 25 anos, e Leomir Bruch, 23 anos, contam que foram agredidos depois de Bruch ter dado um beijo em seu amigo ao deixar o local.

— Quando eram umas 2h30min um amigo [Leomir] veio se despedir de mim e a gente se beijou, aí um cara me empurrou por trás, e ele falou ‘vocês não podem se beijar aqui, vai embora'”, afirma Vitor.

— Eu olhei para ele tentando entender, deixei para lá e continuei beijando meu amigo, porque sou livre, posso, não estava fazendo nada demais. O cara veio, me puxou pelo cabelo, me arrastou — continua.

Leomir também foi agredido e jogado no chão, de acordo com Vitor. Quando estava caído, o jovem levou socos e chutes. Vitor afirma que o homem que começou a briga fazia parte da União da Ilha da Magia. De acordo com o agredido, a pessoa estaria usando uma camiseta que indicava que era da escola.

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Quando conseguiram, os dois saíram correndo e foram para longe da confusão. Mais tarde, a dupla foi à 10ª Delegacia de Polícia da Capital registrar um boletim de ocorrência sobre o caso. De acordo com o documento, as vítimas foram agredidas com socos e chutes e ameaçados de morte pelos agressores.

UIM repudia a agressão

O presidente da União da Ilha da Magia, Valmir Braz de Souza, mais conhecido por Nena, confirma a confusão, mas nega que o agressor seja membro da escola de samba.

— [A agressão] aconteceu depois da 1h. Nossa apresentação oficial aconteceu até 23h. Eu vi quando aconteceu, tanto é que ajudei a separar o tumulto que se deu entre dois grupos. Não estavam usando camiseta da UIM. Não sabia que [a agressão] tinha sido possivelmente por homofobia, fui saber hoje de manhã por movimentos sociais. Eles estão se manifestando. E têm todo o direito. Só é um equívoco dizer que era da UIM. Eles sabem quem foi, e as pessoas não fazem parte da escola — defende.

Sobre a manifestação em repúdio à agressão, Nena garante espaço:

— Volto a dizer que [a praça] é espaço público para todo mundo se manifestar. Espero que o movimento tenha entendimento de que a UIM não tem responsabilidade sobre isso. Se fosse um membro da escola envolvido na agressão, eu tomaria atitudes necessárias. Sou do movimento social, sindical e defensor do movimento [LGBT]. Não teria porque a UIM receber carimbo de homofóbica, se todos os nossos samba-enredo promovem a reflexão — pondera.

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No início da noite, a agremiação divulgou uma nota onde repudia a agressão motivada por homofobia.

“A União da Ilha da Magia repudia qualquer ação neste sentido [da homofobia]. Tanto é que os casais gays que estavam dentro do nosso pavilhão não sofreram nenhuma repressão de nossa parte”, escreveram nas redes sociais.

Com informações da Agência Estado