Não parece, mas a Cidadela Cultural Antarctica, em Joinville, é bastante movimentada. Afinal, estão instalados ali o Departamento de Trânsito (Detrans), a Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública (Seprot) e a Defesa Civil, e a partir de dezembro, também a guarda municipal.
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Mas não é para esses fins que o antigo complexo cervejeiro foi comprado pelo município, em 2000, nem são esses ares administrativos que se espera que ele respire nos próximos anos. Nascida para ser o grande centro da cultura joinvilense, a Cidadela nunca viu essa perspectiva se concretizar, pelo contrário, assistiu a decadência da estrutura e a interdição de espaços, como o planejado Museu Schwanke.
Para tentar alterar o futuro e preencher o local com o que lhe dá nome e razão é que acontece neste fim de semana o Ocupa Cidadela, espécie de virada cultural joinvilense com espírito de protesto. Mais de 60 atrações passarão pelo local entre a tarde deste sábado e a noite de domingo (veja quadro).
A gênese desse evento começou em janeiro, com o Cidadela em Pauta, grupo autônomo empenhado em discutir a ocupação do complexo e fazer valer o Plano Municipal de Cultural (PMC), que tem vários pontos que abordam o assunto. Por volta de junho, o Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC) criou um grupo de trabalho para tratar exclusivamente dessa questão.
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É ele que promove a consulta pública, até o dia 20, no site da Fundação Cultural de Joinville (FCJ), a respeito do uso da Cidadela e cujo resultado ajudará a definir as diretrizes dessa ocupação.
Em meio a esse debate surgiu o Ocupa Cidadela, movimento “horizontal e autônomo, onde as decisões são tomadas coletivamente”, nas palavras do performer e ativista cultural Eduardo Baumann. Na opinião do grupo, a Cidadela é uma usina criativa com enorme potencial para Joinville, infelizmente, ainda desconhecida para uma parte das pessoas.
– Queremos trazer o olhar da cidade para dentro dessa questão, e também grupos que se apresentaram lá. Estamos levando Joinville a conhecer a Cidadela – afirma Baumann, ressaltando que, apesar do aparato artístico da iniciativa, ela é um ato político com vistas a demarcar território e questionar porque a determinação do PMC, de que o complexo seja exclusivo da área cultural, não está sendo cumprida.
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Ainda assim, o grupo prefere acreditar que há luz no fim do túnel. Isso porque, durante um encontro com Udo Döehler no mês passado, o prefeito garantiu que órgãos hoje instalados na Cidadela seriam removidos em algum momento de 2015, possivelmente para a antiga sede dos Correios, na avenida Beira-rio.
– Cabe a nós acreditar que isso será cumprido e manter esse diálogo com a Prefeitura – diz Baumann.
Fundação não participa, mas apoia
Desde o início das conversas, o grupo à frente do Ocupa Cidadela fez questão de manter o perfil independente do movimento e descartou qualquer envolvimento da Fundação Cultural de Joinville. Não que isso desagrade o órgão:
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– Qualquer manifestação cultural vem para agregar. Não sabemos o que vai acontecer, mas ficamos felizes e confiantes no sucesso do evento – garante o gerente de difusão cultural Guilherme Gassenferth, que participou de diversas reuniões do Ocupa Cidadela e do Cidadela em Pauta.
Para ele, a reinvindicação da comunidade artística de Joinville é mais do que justa, é legal:
– Temos todos o mesmo objetivo, de ver aquele espaço destinado à cultura. Nunca estive tão confiante nesta destinação – assegura Gassenferth, que esteve presente no encontro em que o prefeito revelou a disposição de “limpar” a Cidadela no ano que vem.
Sobre os planos do presidente da FCJ, Rodrigo Coelho, de instalar cafeteria, livraria e revistaria no complexo e alugar os espaços – algo informado em reportagem para AN em março -, Guilherme explica que tudo parou por causa da consulta pública no site da fundação e só poderá voltar a andar após a audiência marcada para 8 de novembro.
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Interdição para evitar acidentes
A Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública (SEPROT) interditou os banheiros da Cidadela Cultural de forma preventiva para evitar acidentes durante o evento. De acordo com o diretor-executivo da secretaria, Sérgio Coelho, a estrutura está comprometida e oferece risco. Além dos banheiros, o acesso às salas dos fundos da Cidadela, que já estavam interditadas, permanece proibido. A Seprot orientou os organizadores do Ocupa Cidadela a colocar banheiros químicos.
– Nós fazemos questão que o pessoal abrace a causa e cobre que o problema (estrutural) seja resolvido. Mas, é apenas uma questão preventiva – salientou.
As salas da frente, onde funciona o museu e algumas secretarias municipais, estão liberadas para o evento. A equipe da Seprot acompanhará a virada cultural para prevenir qualquer acidente em virtude da área interditada. Sérgio destacou que a secretaria já tentou fazer alguns serviços paliativos, mas não é possível fazer maiores reparos porque o prédio é tombado.
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Programação completa
16h Praça da Bandeira Cortejo até a Cidadela Grupo Morro do Ouro de Maracatu, Circo Lúdico, Movimento Cidadela em Pauta. Em caso de chuva, o esquenta ocorrerá na própria Cidadela.
17h Cidadela Início da leitura Carta de Manifesto Ajote
17h Cidadela Performance Projeto Casa
17h30 Galpão da Aaplaj Show Banda Mad Dorothys
18h30 Galpão da Aaplaj Show Banda Strato Feelings
19h Torre de resfriamento Vídeoinstalação Tirotti
19h30 Cidadela Performance Marcelo de Mello
19h30 Galpão da Aaplaj Show Banda Miopia
20h Galpão da Aaplaj Workshop de muay thai Junior Aguiar Team
20h Cidadela Projeção dos curtas O Artista tá nas Ruas Cinemonstro
20h Cidadela Apresentações de dança Grupos associados da Anacã Joinville
20h30 Galpão da Ajote Teatro: Cosquinhas, por Favooor Cia. Cheios de Graça (com cobrança de ingresso)
20h30 Galpão da Aaplaj Vídeomapping/videoperformance Anderson Rosa e Ale Mello
21h Galpão da Aaplaj Mostra de cinema e vídeo Fórum Audiovisual de Joinville
22h Cidadela Limpeza coletiva Público e artistas
22h30 Galpão da Aaplaj Performance Macabea Cia. Essaé
23h Cidadela Com-posição Schwanke Cia.Vai!
1h Galpão da Ajote Teatro: Uma Palhaça Só Meroacidente! e Impar
1h Sala vermelha da Aaplaj Mostra Maldita de Vídeos Coletivo “?”
2h Sala vermelha da Aaplaj Sarau Inapropriado Coletivo “?”
3h Galpão da Ajote Intervenção La Trama
4h Torre de resfriamento Performance Marlon Zé
4h30 Cidadela Madruga Cidadela Quem quiser participar
5h Cidadela Limpeza coletiva Público e artistas
9h Jardim da Cidadela Contação de histórias Carol Spiker
9h Cidadela Piquenique e bate-papo sobre o galpão da dança Anacã Joinville
10h Cidadela Limpeza coletiva Público e artistas
10h Galpão da Ajote Teatro: O Carteiro Cia. Essaé
10h30 Cidadela Exercício de aula de dança ao ar livre Anacã Joinville
11h Galpão Aaplaj Apresentação do Instituto Luis Henrique Schwanke Instituto Luis Henrique Schwanke
11h30 Galpão da Aaplaj Mostra de cinema e vídeo Fórum Audiovisual de Joinville
11h30 Frente do Galpão da Ajote Contação: O Meu Boi Morreu Alex Nascimento
12h Galpão da Ajote Leitura dramática O Mendigo ou Cachorro Morto Cia. de Repertório da Univille
13h Sala vermelha da Aaplaj Performance: Linha de Montagem Drag Conchita Pradinha
13h30 Galpão da Aaplaj Show Fábio Felippi
13h30 Galpão da Ajote Teatro: Noite de Almirante Ajote
14h30 Galpão da Aaplaj Show Miles Baca
15h Galpão da Ajote Leitura dramática: Os Palhaços Abismo
15h30 Galpão da Aaplaj Vídeo: Morro do Ouro na Noite do Dendê Grupo Morro do Ouro de Maracatu
16h Cidadela Limpeza coletiva Público e artistas
17h Galpão da Aaplaj Show Zombie Cookbook, Controversy, Acefalia
17h Cidadela Final de leitura da Carta de Manifesto Associados da Ajote
21h Cidadela Limpeza coletiva Público e artistas
Outras atrações previstas:
Performance de Jeferson Kielwagen
Performances do Coletivo “?”
Exposição fotográfica de Jessica Michels
Exposição fotográfica de Christie Hassel
Exposição Distincts, de Vini Poffo.
Exposição fotográfica itinerante DiverCidade, da drag Conchita Pradinha
Audioperformance Vertical Sobre Frequência, de Adriano Horn e Eli Diniz Neto
Intervenção de Ale Mello
Intervenção de Igor Mendes
Intervenção de Márcia Camargo
Intervenção de Paulo Pincel
Instalação do Coletivo Mata
Instalação (Des)colonializar
Intervenções do Hanamachi
Intervenção da Associação Arco Irís
Intervenção da Zombie Walk
Domingueira Rockabilly
Intervenção de Bruno Sobrenome
Intervenção do Circo Lúdico
Intervenção do Palhaço Esqueci
GRES Diversidade
Performances de dança na madrugada com o Studio 2 Pra Lá Dois Pra Cá.
Programação da Mostra de Cinema e Vídeo do Fórum Audiovisual de Joinville
Sábado, 21h
Intermitente, de Fabrício Porto
Sequestro de Malick, de Fábio Porto
Cinemaieutica, de Rodrigo Brum
Pulsar, de Marcus Carvalheiro
As mortes de Lucana, de Alceu Bett
A Disputa, de Amir Sfair Filho
Tango Sob Dois Olhares, de Amir Sfair Filho
Tic Tac Joe, de Amir Sfair Filho
Milkn Blues – Pull the Trigger, de Amir Sfair Filho
Sábado que Vem, de Brian Hagemann
Domingo, 11h30
Amarras, de Hilton Maurente
Nós, de Fernanda Lange
1951, de Ebner Gonçalves
Rascunhos na Cidade, de Jura Arruda
* A programação permanece aberta para a inclusão de outras atividades que vierem a ser propostas no decorrer do evento.
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