A força do agro e a clara relevância dele no PIB do Brasil tem gerado cada vez mais demanda de trabalho, e, por consequência, maior interesse de quem busca oportunidades. Um curioso movimento que vai na contramão do êxodo rural, observado na segunda metade do século XX. O que chama atenção é o número de jovens que preferem o campo à cidade.

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Uma pesquisa divulgada em maio de 2017, pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), indicou que a idade média dos produtores rurais caiu 3,1% nos últimos quatro anos, baixando para 46,5 anos. Os resultados também mostram essa mudança de direção, com o aumento da presença de jovens entre 20 e 35 anos, que saltou de 15% para 27% desde a última pesquisa.

Outro destaque da pesquisa é a porcentagem desses profissionais que são formados: 21% tem graduação completa em cursos como veterinária, agronomia e administração de empresas. Pelo que vê o IBGE, no último Censo Escolar divulgado em 2018, esse número tende a crescer, já que 10, 57% de escolas com ensino médio estão na zona rural.

Este cenário caminha ao lado do surgimento em massa das agrotechs, empresas de tecnologia que desenvolvem solução para o setor agro. Nas últimas duas décadas aumentou a quantidade de empresas que dominam este mercado, criando o movimento Agro 4.0.

Assim é chamada a interação da agricultura com a tecnologia e com as pessoas que a operam. Essa conexão entre campo, máquina, pessoas e dispositivos busca expandir a produtividade, qualidade, sustentabilidade e competitividade do setor, além de tornar a vida do empresário rural mais cômoda.

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— A vida no campo é dura: dorme-se pouco, acorda-se muito cedo para dar início aos trabalhos diários, muito trabalho braçal está envolvido, lama, poeira. Com a transformação tecnológica muita coisa passou a ser automatizada, facilitou a vida do agricultor. E não só isso, trouxe resultado e retorno financeiro. E isso vem despertando o interesse dos mais jovens. Foi mais ou menos o que aconteceu conosco — comenta Adriano Naspolini, diretor-técnico da Hexagon Agriculture.

O envolvimento de Adriano e de seu sócio, Bernardo de Castro, com o agronegócio vem justamente da herança familiar. O avô de Adriano teve fazenda de pecuária quando ele era mais jovem. A família de Bernardo trabalhava com agricultura. Eles se conheceram na faculdade e saíram de lá com uma clara percepção do nicho, que tinha pouquíssima barreira de entrada e quase nenhuma competição. O terceiro sócio, Gustavo Raposo, já trabalhava com tecnologia. Era o elo que faltava para a criação da Arvus em 2004, empresa de automação de equipamentos agrícolas que foi adquirida em 2014 pela gigante Hexagon.

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Novas tecnologias e alta demanda de trabalho no setor do agronegócio aumentam o interesse de jovens para o agronegócio (Foto: Angelica Luersen)

Acessibilidade ainda deve melhorar

Ainda segundo Adriano, um dos problemas que encontraram quando começaram a empresa foi a aceitação da tecnologia por parte dos produtores rurais. Mas talvez o mais principal problema era a falta de acessibilidade à tecnologia, principalmente à internet.

Hoje o cenário está mudando. Segundo o IBGE, em 11 anos o acesso à Internet na zona rural aumentou 1.790,1%. Pelo levantamento do Instituto, em 2006 o número de produtores rurais que declararam acessar a web passou de 75 mil para quase um milhão e meio.

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Santa Catarina é o quinto estado com maior cobertura de Internet no campo. Segundo dados levantados pelo Censo Agro em 2017, e publicados pela Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca do Estado, ampliou em 1.313,9% o acesso à internet no meio rural catarinense.

Com acesso à Internet o nível de confiança na tecnologia aumentou e novas soluções puderam ser aplicadas no dia a dia do empresário rural, como o recebimento de informações sobre sua produção ou gestão em tempo real.

Mas com maior velocidade e expansão na cobertura, com a chegada do 5G, por exemplo, outros processos podem ser melhorados: o monitoramento de toda a gestão da fazenda poderá ser feito com inteligência artificial em servidores na nuvem, de qualquer dispositivo com acesso online. Além disso, maior velocidade de conexão permite tecnologias para controle de temperatura, de uso de água e de estações meteorológicas.

Saiba mais sobre a produção animal catarinense no canal Agro de Valor