*Por Talita Fernandes
O presidente interino do Brasil, general Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira (15) que o governo tem falhado ao comunicar sobre os cortes no orçamento da Educação e que a ida do ministro ao Congresso é uma oportunidade para esclarecimentos.
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— Nós temos falhado na nossa comunicação e agora é uma oportunidade lá dentro do Congresso que o ministro vai ter para explicar isso tudo — disse Mourão, que assumiu a presidência na noite de terça (14), após viagem do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos (EUA).
A declaração ocorre um dia depois de o ministro da Educação, Abraham Weintraub, ter sido convocado a dar explicações nesta quarta no plenário da Câmara, aos 513 deputados, sobre a decisão de cortar 30% dos recursos para o ensino.
Nesta quarta, várias cidades do país registram manifestações organizadas por estudantes e professores contra a redução do orçamento para a educação. Questionado sobre como o governo vê o primeiro grande protesto à gestão Bolsonaro, Mourão disse que ele faz parte do processo democrático.
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— A manifestação faz parte do sistema democrático desde que seja pacífica e ordeira e não limite o direito de ir e vir das outras pessoas é uma forma que aqueles que se sentem inconformados têm de apresentar o seu protesto. Então, é normal — afirmou.
Na linha do que outros auxiliares do governo vêm fazendo, Mourão voltou a falar que não se trata de corte, mas de contingenciamento de gastos e disse que isso foi feito por gestões anteriores.
— O que existe não é corte, é contingenciamento que ocorreram ao longo de todos os governos. Aliás, a única exceção foi o ano passado em que o presidente Temer liberou o orçamento em fevereiro — lembrou.
Mourão disse ainda que uma coisa que está sendo "pouco comentada" são os restos a pagar do MEC. Termo usado para designar despesas não empenhadas no ano anterior e deixadas para o seguinte.
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— Aquelas despesas que foram empenhadas em anos anteriores e não foram liquidadas. Para vocês terem uma ideia, o Ministério da Educação inscreveu e reescreveu em 31 de dezembro do ano passado R$ 32 bilhões de restos a pagar. Compare com o orçamento dele e vai ver que é um resto grande — argumentou.
O presidente interino não quis comentar sobre declarações feitas por deputados de que Bolsonaro teria pedido para recuar do corte após a repercussão negativa.
— Não posso responder por algo que não estava presente. Fica difícil me manifestar sobre algo que não vi, estou apenas ouvindo os ecos ai — disse.
Depois de terem se reunido com Bolsonaro no Planalto na terça (14), lideranças do Congresso disseram terem visto o presidente ligar para Weintraub para pedir o cancelamento dos cortes. Logo após as declarações, o MEC e a Casa Civil divulgaram notas afirmando que o contingenciamento estava mantido.
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