Uma mulher levanta a mão, quase implora passagem. Ninguém para. Com uma criança nos braços, ela fica alguns segundos no meio da rodovia Jorge Lacerda (SC-412), no trevo com a BR-101 em Itajaí, e depois corre. Enquanto isso um caminhão atravessa a via lentamente. Quem vem na pista contrária é obrigado a parar. Mas alguns ignoram a fila e seguem pelo acostamento.

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Cenas de imprudência que se repetem diariamente num dos principais acessos a Itajaí e que tendem a se agravar com a chegada do verão. Quem sai de de Blumenau ou de Gaspar para ir ao litoral pela Jorge Lacerda tem que obrigatoriamente passar pelo trevo. Quinta-feira passada a reportagem flagrou pelo menos 41 situações de perigo em uma hora.

Foto: Marcos Porto | Mulher quase implora passagem na rodovia

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No meio da desordem, pedestres, ciclistas e motoristas estão à mercê do bom senso. Não há faixa de segurança ou semáforo e as passarelas mais próximas ficam a 800 metros do trevo. O representante comercial Tarcísio da Silveira Junior diz que precisa contar com a sorte:

– Aqui vale a lei do esperto, quem tem mais agilidade consegue se sobressair.

O risco que muitos correm é um reflexo das deficiências do trevo, que não comporta o fluxo atual de veículos. Não existem dados sobre o tráfego no local, mas a reportagem contou que 44 veículos passam a cada minuto por ali – uma média de 2.640 veículos por hora.

Prova disso são as longas filas que se formam e fazem motoristas, como Claudionir Rohling, esperar quase uma hora para entrar em Itajaí sempre que vem ao município, o que costuma fazer três vezes por semana.

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– O que eles fazem nesse viaduto é uma bagunça. Não tem condições de atravessar a pista, todo dia há imprudências – avalia Rohling.

O ciclista e operador de máquina Robson dos Santos também reclama.

– Temos que passar no meio dos carros e os motoristas não têm respeito pelos ciclistas. Não deixam a gente passar. Acho que precisava ter alguma coisa pra eliminar esse risco. Quem atravessa aqui tem que se arriscar – explica.

Foto: Marcos Porto | Ciclista divide espaço com automóveis e caminhões