José Ademir Radol, 48 anos, principal suspeito de matar a jovem Aline Moreira, de 18 anos, em Rio Negro (PR), foi encontrado pela polícia na casa de uma irmã. De acordo com o delegado, Sérgio Luiz Alves, o suspeito pediu abrigo na casa de uma sobrinha, em uma região rural de Santa Cecília. Quando o marido da mulher descobriu sobre o crime, mandou José embora.

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– Ele acabou ficando na casa dessa irmã onde o prendemos. Ele não esboçou nenhuma reação e também não falou sobre o caso – relatou o delegado.

A garota que morava em Mafra, desapareceu na noite do dia 27 de setembro após pegar carona com o suspeito – que era namorado da mãe dela – para Curitiba. O corpo de Aline foi encontrado quatro dias depois já em decomposição e sem roupas em uma fazenda, próximo a uma estrada que corta o bairro Fazendinha – zona Rural de Rio Negro.

De acordo com uma prima de Aline, de 20 anos, que prefere não ser identificada, na viagem, ela pretendia comprar um computador e rever o namorado e os amigos que fez ao longo do último semestre, enquanto estudou direito no Grupo Educacional Dom Bosco, na capital paranaense.

– Fazia dois meses que a Aline havia retornado para Mafra. Ela trancou a matrícula do curso para cuidar da mãe que não estava bem de saúde – contou.

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Motorista parou para falar com Aline

Após 22 quilômetros de chão, por volta de 21 horas, o pneu do carro furou e a roda ficou presa em um buraco. Aline e José desceram e retornaram a pé pela estrada escura, cercada por vegetação e árvores de grande porte. Primeiro passou um caminhão. Aline teria pedido socorro, porém o motorista não parou com medo de ser assaltado. Na sequência passaram dois carros. Aline, mais uma vez, pediu para o segundo veículo parar.

– Ela fez sinal para que eu parasse o carro e pediu para que eu a levasse para a rodovia do Xisto (BR-476), pois o carro deles tinha quebrado. Mas, o homem que estava com ela disse que não era para esquentar a cabeça porque eles já estavam chegando perto de uma casa de um conhecido e ali pegariam carona. Como a moça parecia estar embriagada e me pediu carona para rodovia, achei que se tratasse de uma prostituta.

O motorista de 32 anos estava indo pescar com os amigos. Quando retornou, viu o mesmo homem saindo do matagal com a cabeça baixa.

– Eu vi o cara pulando no mato, baixou cabeça e passou, mas achei que ela tinha pego carona e ele ia dormir no carro, então não dei bola. Só fiquei preocupado no outro dia quando vi que tinha uma marreta e uma chave de fenda no carro. Ela chegou a pegar no meu braço sabe, mas por que ela não apertou com força? A última coisa que ela falou eu não esqueço, chego até a sonhar à noite. ´Moço me leva pra rodovia do xisto?`. Minha cabeça está virada, todo mundo fica me culpando, mas não podia imaginar que aconteceria uma coisa dessas – lamentou.

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22 quilômetros de angústia

Aline e José saíram de Mafra no fim da tarde do dia 27 de setembro, em um Fiat Uno. O carro havia sido financiado há pouco tempo. Segundo a família, foi José quem convenceu Leonilda a trocar de carro. A jovem já havia combinado de se encontrar com o namorado e os amigos em Curitiba. Todos estavam ansiosos por sua visita.

Normalmente, ela fazia a viagem de ônibus, mas, naquele dia, resolveu aceitar a carona do namorado da mãe que iria até a capital paranaense comprar pneus.

Em vez de seguir pela rodovia, como todos os moradores de Mafra costumam fazer, José pegou um atalho. Entrou em Rio Negro e pegou uma estrada de chão que também leva à Curitiba, porém o caminho é longo e pouco habitado. A estrada passa pelo bairro Fazendinha, na zona rural do município.

A reportagem de “AN” refez o trajeto que possivelmente foi feito por eles. Ao entrar na estrada de chão, logo desaparece o sinal de celular. Segundo a família, Aline chegou a mandar uma mensagem ao namorado pedindo socorro. Provavelmente, o desespero iniciou assim que entraram naquela estrada.

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O corpo foi encontrado pelos cachorros de um morador da região. Aline estava com a cabeça marcada por uma pancada e completamente nua no matagal.

– As roupas dela estavam espalhadas. A moça estava vestida apenas com a blusa que ficou enrolada para cima, possivelmente porque foi arrastada – relatou um dos moradores, de 17 anos, que esteve no local quando o corpo foi encontrado.

Sem levantar suspeitas

O passado do namorado de Leonilda Kurlapski, a mãe de Aline, só foi descoberto após o crime. Ele já tinha passagens por estelionato, tentativa de estupro e usava nome falso. Se apresentava como Márcio Melo. Também era chamado assim pela própria família e pelos amigos. Diferente dos boatos que percorreram a cidade, Leonilda não teria conhecido o companheiro pela internet ou por anúncio de jornal. O homem já era conhecido dela há cerca de dois anos, pois ele prestava serviços de mecânica aos parentes. O relacionamento havia iniciado fazia apenas três meses.

Além de conquistar a mãe, José ganhou a confiança de Aline, pois a tratava bem e era gentil. De acordo com familiares, o suspeito fazia promessas como comprar uma casa nova. O criminoso, até então, era uma pessoa acima de qualquer suspeita.

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Desde que a filha foi encontrada morta, Leonilda está sob efeitos de medicamentos e apoio da família. Ela sente-se culpada e, em certos momentos, acredita que a filha vai voltar. Além de tomar conta dela, a família pretende conseguir apoio de um psicólogo, pois essa não é a primeira perda de Leonilda. O marido morreu há dois anos e o filho já teve problemas com drogas.