Oito anos após de ter atropelado um grupo de pessoas, entre eles uma jovem de 16 anos que não resistiu aos ferimentos e morreu, uma motorista que teria saído dirigindo embriagada de uma boate, em Piçarras, foi condenada nesta quarta-feira pelos crimes de homicídio doloso e lesão corporal grave.

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Conforme o relato de testemunhas, Ana Luiza, que na época tinha 22 anos, teria deixado a boate Bali Hai na manhã do dia 1° de janeiro de 2004, acompanhada de outras duas moças e dois rapazes, por volta das seis horas. Embriagada e em alta velocidade, ela teria dirigido em ziguezague pela Avenida Nereu Ramos, sentido centro de Piçarras, fazendo uma “brincadeira” que alguns chamam de “tirar fininho” dos pedestres. Brincadeira essa que terminou em tragédia.

De acordo com dados do inquérito policial, na altura da esquina da rua Bom Fim, quando Ana Luiza investiu contra um terceiro grupo, formado por 12 pedestres, ela perdeu o controle do veículo, subiu na calçada; e o carro, desgovernado, atingiu, pelas costas, dois jovens. Bruna Gaeski, que foi lançada contra um muro, não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Já Raul Ravello Filho sobreviveu, apesar de ter ficado gravemente ferido. Ele quebrou a perna e teve traumatismo craniano, tendo que ficar uma semana internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O caso foi a júri popular no Fórum de Balneário Piçarras nesta quarta-feira. Depois de 12 horas de julgamento, a motorista, Ana Luiza Dobeck, de São Bento do Sul, foi considerada culpada por voto unânime dos sete jurados e condenada a uma pena de sete anos e meio de prisão. Mas, como Ana Luiza é ré primária e tem bons antecedentes, ela deverá cumprir apenas um sexto da pena em regime semi aberto, conforme sentença do juiz Alexandre Schramm.

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Para a família de Bruna Gaeski, que perdeu a vida na primeira manhã do ano de 2004, a pena poderia ter sido mais severa.

– Mas, considero que a Justiça foi feita, já que a motorista não saiu impune, como tem acontecido em muitos casos de crimes de trânsito no país -, diz o pai e advogado de Bruna, Gilberto Gaeski, que após a morte da filha criou uma ONG que presta a assistência jurídica a vítimas de acidentes de trânsito e suas famílias, o Instituto Dias Melhores, em Curitiba (PR).

Já o advogado de Ana Luiza, Santino Ruchinski, informa que vai entrar com um recurso contra a decisão no início da próxima semana. A defesa alega que só e embriaguez não configura dolo eventual, e sim uma conduta extremamente perigosa ao volante, o que, segundo ele, não ficou comprovado no curso do processo.

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