Depoimentos prestados à Polícia Civil indicam que o caminhão que causou o acidente que deixou nove pessoas mortas na BR-376, no último domingo (20), estava com problemas mecânicos. A carreta desgovernada bateu na van que transportava a equipe de remo Tissot, que voltava para Pelotas (RS) após uma competição em São Paulo. Apenas um adolescente de 17 anos sobreviveu.

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Conforme apurado com exclusividade pelo Fantástico, o caminhão tinha parado três vezes durante a viagem daquele fim de semana porque apresentou problemas mecânicos. A primeira delas ocorreu dois dias antes do acidente, quando o motorista Nicolas de Lima Pinto, de 30 anos, passava pelo estado de São Paulo e ficou sem combustível.

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A segunda foi registrada no sábado de manhã (19), quando o motorista, já em território paranaense, notou problemas na embreagem do veículo. O caminhão foi rebocado e o proprietário notificado. Um mecânico foi acionado para realizar o trabalho de manutenção e substituiu a embreagem. De acordo com o Fantástico, o profissional deixou o local antes de finalizar o trabalho, porque um colega havia se ferido durante o serviço.

Somente no dia seguinte, um outro mecânico, chamado Bino, finalizou o serviço. A partir disso, Nicolas seguiu viagem. O motorista revelou em depoimento à Polícia Civil que, uma hora e meia depois, os freios do caminhão pararam de funcionar e, em seguida, houve a colisão. 

Após a batida, o motorista Nicolas passou pelo teste do bafômetro e se dispôs a realizar um exame toxicológico. Esta era a primeira viagem que Nicolas realizava como caminhoneiro. Ele havia conseguido a habilitação para categoria E, que permite dirigir carretas, ainda neste ano. 

— Meu caminhão ficou sem freio. Tentei ligar o freio motor, não segurou, o caminhão se apagou. Tentei engatar, fazer pegar no tranco, não pegou, e foi isso que aconteceu. Infelizmente eu bati num carro, numa van — contou Nicolas em depoimento. A informação foi obtida com exclusividade pelo Fantástico.

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Informações apuradas preliminarmente pela Polícia Civil indicam que a carreta transitava a 100 km/h na região da BR-376, sob chuva e neblina. Por conta das inúmeras curvas presentes no trecho, a velocidade permitida no local é de 60 km/h. 

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Outro detalhe apurado pela investigação é que, dos 10 freios presentes na carreta, apenas um tinha pleno funcionamento. Outros quatro apresentavam desgaste e os cinco restantes não funcionavam. O proprietário do caminhão, Heloide Longaray, também foi ouvido pela Polícia Civil e informou que havia feito a revisão dos freios do veículo no mês de setembro.

O delegado Edgar Santana disse em entrevista ao Fantástico, que inicialmente o inquérito policial foi instaurado para apurar o crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. 

— O inquérito policial foi instaurado inicialmente pela prática de homicídio culposo na direção de veículo automotor, pode ser com a falta de capacidade técnica por parte do motorista na condução do veículo ou uma falha mecânica — explicou Santana.

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Ao Fantástico, a defesa do motorista Nicolas relatou que “em todo tempo o motorista dirigia de forma prudente e compatível com a via. […] Eventual excesso de velocidade deve ser atribuído à falha mecânica que atingiu o sistema de freios do veículo”. Os advogados do proprietário do veículo disseram em nota que: “todas as normativas para o trânsito e a segurança do veículo foram atendidas.”

Quem são as vítimas do acidente

Ao todo, havia dez pessoas dentro da van. Entre as vítimas estão o motorista do veículo, o técnico do Remo Tissot e os atletas. Nove pessoas morreram após a batida. Apenas João Pedro Milgarejo, de 17 anos, sobreviveu. Ele foi resgatado e levado ao Hospital São José, em Joinville, com ferimentos leves.

O único sobrevivente, João Milgarejo, de 17 anos (Foto: Instagram, Reprodução)

A equipe era formada por adolescentes do projeto “Remar Para o Futuro”, de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Os atletas tinham conquistado sete medalhas no fim de semana em São Paulo, de onde voltavam quando sofreram o acidente.

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Os nove corpos foram veladas em Pelotas (RS). A cerimônia iniciou às 18h30 de terça-feira (22) e seguiu durante toda a madrugada. Cerca de mil pessoas acompanharam o velório que aconteceu com caixões fechados.

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