Motorista condenado por matar criança e amigo em SC dirigiu mais de 30 km bêbado, diz juiz

Durante a leitura da sentença, o juiz Rodrigo Climaco José afirmou que o motorista condenado pelas mortes de Alicia Bindemann Carini, de 5 anos, e Fernando Martins de Albuquerque, de 34, dirigiu por mais de 30 quilômetros embriagado até bater de frente contra o veículo em que viajava a família da menina. O acusado foi condenado a 20 anos e sete meses de prisão e a pena deverá ser cumprida em regime fechado, sem o direito de recorrer em liberdade.

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Motorista bêbado que matou criança e amigo em SC é condenado a mais de 20 anos de prisão

Elias Mariozam Martendal foi denunciado por dois homicídios dolosos e seis lesões corporais — sendo uma delas grave. A pena, portanto, foi referente aos crimes citados na denúncia. Considerando a decisão dos jurados, o magistrado não usou a palavra “acidente” para se referir ao ocorrido, já que, ao trafegar embriagado, o homem teria assumido o risco de matar.

“[…] o acusado, residente em São Bento do Sul, acompanhado de outros três amigos foi a um baile na cidade de Mafra com distância de cerca de 62 km de distância de casa — informação extraída do Google Maps —, ocasião na qual ingeriu bebida alcoólica. Após sair do local, conduziu, embriagado, seu veículo por mais de 30 km. Ou seja, durante aproximadamente uma hora, o acusado colocou outras vidas em perigo ao conduzir, bastante embriagado, seu automóvel”, destacou o juiz.

Durante a fala, de cerca de 15 minutos, o magistrado frisou, mais de uma vez, a atitude do motorista que, ao dirigir sob efeito de álcool, colocou a vida de muitas pessoas em risco ao longo do trajeto, visto que a colisão aconteceu em um domingo e, por se tratar de um fim de semana, o tráfego é mais intenso.

Também citou, inclusive, o depoimento de uma testemunha, que relatou que seguia no mesmo trecho em que o acusado, em direção contrária, e, minutos antes da batida, precisou jogar o carro no acostamento para evitar de bater no Punto de Elias, que invadiu a pista ao lado.

“O que demonstra que o acusado, mesmo após quase ter gerado uma colisão, decidiu continuar conduzindo seu veículo embriagado, sem importar com a segurança dos demais que trafegavam na via”, comentou.

Outro ponto destacado por Rodrigo Climaco enquanto lia a sentença foi que, por se tratar de uma rodovia federal, a colisão deve ser considerada mais grave, já que a via possui um fluxo mais intenso e de maior velocidade, “o que, sabidamente, faz com que colisões se tornem fatais”.

Júri durou cerca de 12 horas

O júri que condenou Elias por dulplo homicídio culposo e seis lesões corporais durou cerca de 12 horas. A sessão começou por volta das 10h de quinta-feira e ocorreu na Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, cidade em que ocorreu a tragédia.

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Familiares de Alícia e de Fernando acompanharam a sessão. Além do acusado, foram ouvidas 12 testemunhas, advogados de acusação e defesa, e o Ministério Público.

Logo após a leitura da sentença, a defesa do condenado apresentou um recurso de apelação indicando que irá recorrer da decisão. O processo será encaminhado ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina e os advogados têm oito dias para apresentar as razões que motivaram o pedido. Desde o início do processo, a intenção da defesa é de que Elias responda por por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Relembre o acidente

O acidente aconteceu por volta das 6h do dia 19 de dezembro de 2021 na BR-280, em Rio Negrinho. O motorista conduzia um Punto, onde estavam mais três passageiros. Segundo a polícia, o grupo tinha saído de uma festa e seguiam a caminho de casa, em São Bento do Sul, quando o condutor perdeu o controle e bateu de frente com a Ecosport em que estava a família de Alícia. 

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A criança morreu horas depois, no hospital, já Fernando, que era amigo e estava no mesmo veículo em que o acusado, morreu uma semana depois. De acordo com a PRF, oito horas após a batida, o teste do bafômetro ainda acusava a presença de álcool no organismo do motorista.

Na manhã de quinta-feira, a reportagem do AN conversou com familiares das vítimas, que esperavam pela condenação por todos os crimes em que o réu foi acusado pelo Ministério Público. Ele foi denunciado por duplo homicídio e mais seis lesões corporais.

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