Motoristas que precisam de adaptação do automóvel para dirigir ou que necessitam de um outro condutor para trafegar com o veículo têm descontos de até 30% na compra de um carro zero quilômetro. A porcentagem chama a atenção, mas dependendo das mudanças realizadas no veículo, o proprietário terá um custo que supera os descontos oferecidos pela concessionária.

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Geralmente, dá entrada na documentação exigida quem sofreu acidente ou teve alguma doença que o impeça de dirigir um carro do jeito que ele sai de fábrica. Quando é reconhecido que o proprietário precisa de adaptação no veículo, ele tem direito à isenção de impostos como o IPI, o ICMS, o IPVA e IOF – esse último, quando é a primeira vez que o dono adquire um carro nessas condições.

70 mil reais é o teto para a isenção de ICMS conforme a legislação estadual

Caso o proprietário não tenha a carteira de motorista com a indicação das adaptações necessárias para poder dirigir, ele deve ir ao Departamento de Trânsito (Detran) e agendar uma consulta médica. O profissional do órgão avaliará se a pessoa poderá dirigir e se precisará de alguma adaptação no veículo. Em um segundo momento, o interessado fará um exame de direção veicular, também no Detran, com um veículo já adaptado às condições necessárias. O objetivo é identificar se ele está apto a dirigir o automóvel no dia a dia.

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Algumas concessionárias se responsabilizam em abrir um processo na Receita Federal, para obter a isenção do IOF e do IPI, e na Secretaria Estadual da Fazenda, para a isenção do ICMS. Assim, o proprietário só precisaria entregar os documentos exigidos, que incluem a carteira de motorista com indicação da necessidade de adaptação e o laudo médico do Detran.

Foi o que aconteceu com Jairon de Souza, 30 anos, morador de Palhoça. Ele entregou todos os documentos para o vendedor e aguardou quatro meses para receber o Fiat Palio branco com câmbio, farol e limpador de vidro automáticos, que o auxiliam a dirigir apenas com a mão esquerda. Com a isenção dos impostos, economizou 29% do total do veículo, avaliado em R$ 46 mil.

A demora para Souza receber o carro não foi uma exceção. O vendedor Ramon Richard Alves, da Concessionária Santa Fé, da General Motors, em Florianópolis, conta que a maior dificuldade para os interessados nesse tipo de veículo é o tempo do processo, que chega a durar seis meses. O vendedor atende cerca de 20 clientes por mês que precisam de um veículo adaptado e dão entrada no pedido de isenção de impostos, mas apenas três a cinco deles acabam comprando nessas condições.

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Fora da fábrica

O processo de adaptação do veículo nem sempre acaba quando o pedido é autorizado pelas instituições competentes. Muitas concessionárias não realizam o serviço nos carros, que ainda são encaminhados para oficinas especializadas.

De acordo com Marciano Figueredo Lemos, vendedor da Concessionária Prima, da Fiat, na Capital, o cliente pode escolher pagar um pouco mais caro pelo carro e já recebê-lo pronto nos casos em que o laudo médico aponta necessidade de câmbio automático, ou direção hidráulica. A facilidade é possível porque esses acessórios são produzidos nas montadoras.

Porém, se o proprietário precisa de mudanças que não fazem parte do opcional de fábrica, os clientes precisam contratar os serviços de uma oficina, que variam de R$ 950 a R$ 32 mil – valor máximo que se torna muito mais caro do que os descontos obtidos pela isenção dos impostos.

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