Os motores de foguetes produzidos na Ucrânia que, segundo estudo, teriam permitido a Coreia do Norte realizar avanços em matéria de mísseis, foram entregues em sua totalidade à Rússia, informou a agência espacial ucraniana nesta terça-feira (15).

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A Coreia do Norte desenvolveu com rapidez mísseis que podem chegar aos Estados Unidos, provavelmente graças aos motores de design soviético produzidos em uma fábrica da Ucrânia e obtidos no mercado negro. A Rússia indicou que as modificações necessárias não teriam sido possíveis sem “especialistas ucranianos”.

De acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) — um centro de estudos britânico —, os mísseis usados nos últimos testes norte-coreanos contavam com motores feitos com base no RD-250, fabricado na usina de Yuzhmash, anteriormente soviética e atualmente ucraniana.

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O relatório assinala que esses motores podem ter sido vendidos por empregados corruptos e levados de contrabando para a Coreia do Norte por meio de redes criminosas, em algum momento entre o colapso da União Soviética e a atual crise militar ucraniana.

O governo ucraniano e a empresa reagiram com irritação a essa versão divulgada pelo jornal The New York Times, insistindo que a fábrica Yuzmash não produz foguetes de uso militar desde a independência da Ucrânia da antiga União Soviética, e que não tem vínculos com o programa de mísseis nucleares da Coreia do Norte.

O documento do IISS não contradiz essas explicações, sugerindo que os motores dos mísseis estavam armazenados no que agora é a Rússia, ou na Ucrânia, desde o fim da União Soviética.

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“Um pequeno grupo de empregados descontentes, ou guardas mal pagos, pode ter roubado dezenas de artefatos para alguns dos muitos traficantes de armas, contrabandistas que operavam na antiga União Soviética”, afirma o relatório, que enfatiza não sugerir que o governo ucraniano, ou os executivos da Yuzmash, estivessem envolvidos.

O secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksandr Turchynov, aproveitou o informe para atacar Moscou.

“Acreditamos que esta campanha contra a Ucrânia tenha sido provocada pelos serviços especiais russos para ocultar sua participação nos programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte”, alfinetou.

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A Coreia do Norte conseguiu, em dois anos, um novo tipo de míssil de médio alcance, o Hwasong-12, e o seu “irmão mais velho”, o Hwasong-14, um míssil balístico intercontinental (ICBM). De acordo com o IISS, para poder realizar esta transição em um período tão curto, Pyongyang teve de usar “um motor de combustível líquido de alto rendimento procedente de uma fonte no Exterior”.

O centro de estudos afirmou que os engenheiros norte-coreanos não têm os conhecimentos necessários para modificar o RD-250, que só pode ser adaptado nas fábricas ucranianas ou russas.

— Para utilizar estes motores e este foguete desta forma, é indispensável ter acesso às tecnologias de produção de combustível dos foguetes. A Coreia do Norte não dispõe de tais tecnologias, mas sim dois países: Rússia e China — explicou Radchenko.

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Estes motores “não tem quadros nem esculturas. Para se fazer uma cópia deve contar com o original ou com planos detalhados”, assegurou o vice-primeiro-ministro russo, Dimitri Rogozine, no Facebook.

“É impossível sem especialistas ucranianos capazes e dispostos a desenvolver uma produção em uma plataforma estrangeira. De uma forma ou de outra, trata-se de entregas de contrabando eludindo todas as estritas proibições internacionais vigentes”, assinalou.