O ciclo que o Cine Santander exibe desta terça-feira (1º de outubro) até o dia 1º de novembro contém o biscoito fino da cinefilia. São 19 títulos sobre relações apaixonadas com o cinema, dos espectadores para com os filmes, dos fãs para com os cineastas, dos próprios cineastas para com seus colegas de profissão.
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– Dez desses 19 não foram lançados no Brasil nem em DVD – observa o programador João Pedro Fleck, ressaltando o quanto é rara a oportunidade de vê-los na sala de cinema.
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> E ainda: as descobertas de Enéas de Souza, de “Os Filmes Estão Vivos”
Há, entre eles, uma preciosidade de Woody Allen sobre o cinema como válvula de escape para a vida medíocre (A Rosa Púrpura do Cairo), um documentário impressionante que a mulher de Coppola decidiu fazer ao constatar a loucura das filmagens de Apocalypse Now (O Apocalipse de um Cineasta) e duas das maiores obras-primas sobre os bastidores e os processos do cinema (O Desprezo, de Godard, e Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder).
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São 18 longas e uma décima-nona declaração de amor ao cinema em forma de curta-metragem: Os Filmes Estão Vivos (Brasil, 2013). Vencedor de dois Kikitos na mostra nacional do Festival de Gramado, o documentário de Fabiano de Souza e Milton do Prado terá sessões a partir do dia 19. Trata-se de um filme-homenagem que acompanha o decano da crítica gaúcha Enéas de Souza (pai de Fabiano) em uma de suas muitas viagens cinéfilas a Paris.
Juntos durante uma semana na capital francesa, Enéas, Fabiano e Milton viram oito filmes e saíram a comentá-los – com a câmera ligada. Na verdade, os dois diretores saíram a questionar seu personagem – e, a partir disso, a ouvi-lo.
A aula de cinema, além de informal (no melhor sentido), tem humor, tanto por conta dos comentários de Enéas quanto pelas escolhas de Fabiano e Milton (falando sobre Tarantino ou corrigindo-o na tradução de O Ano Passado em Marienbad, de Resnais). O resultado é que a sessão tem uma graça muito particular, que faz com que o espectador queira mais ao final.
Tanto é que fomos atrás de Enéas e pedimos mais alguns comentários sobre suas descobertas cinéfilas, repetindo o dispositivo usado em Os Filmes Estão Vivos. Dê uma olhada clicando aqui e, abaixo, confira a lista dos títulos a serem exibidos no ciclo Cinefilia.
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À Procura do Destino
Drama musical sobre a ascensão e a queda de uma atriz (Natalie Wood) que alcança o estrelato aos 15 anos de idade. De Robert Mulligan, EUA, 1965 (título original: Inside Danny Glover).
A Rosa Púrpura do Cairo
Uma garçonete (Mia Farrow) foge da realidade assistindo aos seus filmes prediletos. Numa sessão, o herói de um deles (Jeff Daniels) sai da tela e lhe oferece uma nova vida. De Woody Allen, EUA, 1985.
A Última Sessão de Cinema
Drama sobre o amadurecimento de dois garotos (Jeff Bridges e Timothy Bottoms) numa cidadezinha decadente e sua única sala de cinema. Para muitos, a obra-prima do diretor Peter Bogdanovich. EUA, 1972.
Assim Estava Escrito
Drama com Lana Turner e Kirk Douglas sobre o entorno de um ambicioso produtor de Hollywood. De Vincente Minnelli EUA, 1952 (no original, The Bad and the Beautiful).
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Cinemania
Documentário sobre a obsessão de cinéfilos de Nova York. De Angela Christlieb e Stephen Kijak, Alemanha/EUA, 2002.
CQ
Drama cômico sobre os bastidores das filmagens de uma ficção científica rodada em Paris em 1969 – e que retrata o mundo atual pós-virada do milênio. De Roman Coppola, EUA/França/Itália, 2001.
Crepúsculo dos Deuses
Premiado filme de Billy Wilder sobre a decadência de uma atriz do cinema mudo (Gloria Swanson) nos tempos do cinema falado. EUA, 1950 (no original, Sunset Blvrd.).
Dirigido por John Ford
Documentário que Peter Bogdanovich dedicou ao mestre dos westerns. Tirado de circulação por conta da cessão dos direitos de imagens usadas, voltou em nova versão, 25 anos depois. EUA, 1971/2006.
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Lost in la Mancha
De Keith Fulton e Louis Pepe. Documentário sobre a frustrada adaptação do diretor Terry Gilliam e do ator Johnny Depp para o clássico Don Quixote, de Cervantes. Grã-Bretanha/EUA, 2002.
Minha Viagem à Itália
Impagável documentário em que Martin Scorsese revisita filmes italianos essenciais em sua formação, acompanhado de figuraças como seu pai e sua mãe. Itália/EUA, 1999.
O Apocalipse de um Cineasta
Os impressionantes eventos que circundam as filmagens do clássico Apocalypse Now (1979), incluindo imagens pessoais captadas pela mulher do diretor, Francis Ford Coppola. De Fax Bahr, George Hickenlooper e Eleanor Coppola, EUA, 1991.
O Desprezo
Um roteirista (Michel Piccoli) é contratado para escrever uma “adaptação comercial” de Ulysses, mas a aproximação com os produtores tem consequências drásticas para a relação com sua mulher (Brigitte Bardot). De Jean-Luc Godard, França/Itália, 1963 (título original: Le Mépris).
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O Último Magnata
Drama que o diretor Elia Kazan adaptou da obra de F. Scott Fitzgerald sobre um poderoso produtor que vai ao seu limite trabalhando com diretores obstinados e atores temperamentais. Com Robert De Niro, Tony Curtis, Robert Mitchum, Jeanne Moreau e Jack Nicholson. EUA, 1976.
Rebobine Isso!
De Josh Johnson. Documentário sobre o mercado de home vídeo, especialmente seus anos de ouro no tempo do VHS. EUA, 2013 (título original: Rewind This).
Splendor
De Ettore Scola. Drama melancólico sobre uma velha sala de cinema, seu dono (Marcello Mastroianni), que o herdou do pai, as histórias do passado de glórias e a sua venda para posterior transformação em uma loja de móveis. Itália/França, 1989.
The Rep
Documentário de Morgan White sobre um raro caso de sucesso comercial de uma sala alternativa de cinema na cidade de Toronto. Canadá, 2012.
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Uma Viagem com Martin Scorsese pelo Cinema Americano
Codirigido por Martin Scorsese e Michael Henry Wilson, trata-se de um monumental guia do cinema norte-americano (tem quase cinco horas de duração) a partir do ponto de vista de um dos mestres da linguagem. EUA/Grã-Bretanha, 1995.
Vivendo no Abandono
O ator Steve Buscemi interpreta um diretor de cinema que visita o inferno quando tudo dá errado em um dia no set. O elenco ainda conta com Catherine Keener. De Tom DiCillo, EUA, 1995 (título original: Living in Oblivion).