A ausência que a atriz, diretora e dramaturga joinvilense Morgana Raitz faz desde que partiu, vítima do câncer, em 5 de maio, é sentida diariamente pela classe artística da cidade. O tamanho da tristeza por não ter mais a amiga por perto, no entanto, é igual ao da vontade de dedicar a ela a mesma devoção com a qual Morgana fazia arte.

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É por isso que em todos os dias desta semana, a 4ª Mostra de Teatro da Amorabi homenageará a jovem artista antes das apresentações das peças e da leitura dramática programadas no evento.

– Morgana era uma diretora muito jovem, que ainda poderia ter muitas contribuições para o teatro joinvilense. Ela era, acima de tudo, uma pessoa muito otimista na vida: em nenhum momento, nem mesmo durante o tratamento, eu a vi pra baixo, e ela mostrava isso no seu teatro -, afirma o coordenador da Amorabi, Cristóvão Petry.

Ela, que fundou o Grupo Encena Teatro, no qual dirigiu e atuou em várias peças, também conheceu e participou de projetos culturais da Associação de Moradores e Amigos do Itinga (Amorabi).

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Grupos de vários bairros da cidade se encontrarão na Amorabi para prestigiar os trabalhos produzidos durante o ano. Eles são, em maioria, frutos de projetos comunitários que oferecem oficinas gratuitas ou a preços populares de teatro e reúnem os artistas amadores.

– As pessoas podem pensar que não há teatro na cidade, porque quase não temos quem viva exclusivamente dele, mas essa é a prova que tem muita gente fazendo teatro aqui -, avalia Cristóvão.

A abertura, que ocorre nesta segunda-feira à noite, será feita pelo Grupo Canto do Povo, do Espaço Cultural Casa Iririú. Eles apresentam “Azevedo a Todo Vapor”, que conta com quatro esquetes do livro “Teatro a Vapor”, de Artur Azevedo, mescladas com músicas carnavalescas do início do século passado.

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Até o fim da semana, os alunos da Oficina de Teatro da Associação dos Deficientes Físicos de Joinville e do Projeto Ser ou Não Ser, do Profipo, as companhias Grupo Teatral Novo Tempo, Cia. Studio em Cena e o Grupo Teatral da Amorabi mostram o resultado do trabalho em 2012.

Entre os espetáculos teatrais, haverá um momento para a palestra sobre o livro “Os Palhaços”, de Miraci Dereti. O texto foi censurado em 1968, às vésperas da estreia, e passou 40 anos na gaveta até ser resgatado por Cristóvão, que o reeditou com recursos do Edital de Apoio às Artes.

Este ano, os alunos do grupo adolescente da Amorabi estudaram o texto e farão uma leitura dramática da obra.

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– É a primeira leitura pública do texto desde 1968, que chegou a ser apresentada duas vezes na época -, avisa Cristóvão, responsável pela palestra que abre a noite.