O circuito cada vez mais dominado pelos blockbusters faz com que o cinema atual pareça cada vez mais homogêneo e sem criatividade. Trata-se de uma impressão equivocada sobre a produção contemporânea.
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A diversidade é a marca de cinematografias em ascensão pelos cinco continentes. É o caso do cinema português recente, apropriadamente escolhido pela nova curadoria do Cine Santander para apresentar, a partir desta sexta-feira, aquilo que deve nortear a programação do espaço – um dos representantes do núcleo duro da difusão da produção alternativa na Capital.
– O cinema português simboliza algo hoje comum entre os cinéfilos: ouvimos falar muito de determinados cineastas, ou cinematografias, e raramente temos oportunidade de conhecê-las – diz João Pedro Fleck, o novo curador.
Fleck tem 30 anos. Assumiu o Cine Santander na virada de 2012 para 2013. É diretor e curador do Fantaspoa, festival para o qual trabalha garimpando títulos de todos os cantos do mundo.
– Agora, vai ser como se eu tivesse um Fantaspoa atrás do outro, o tempo inteiro, para produzir – vibra, entusiasmado com a oportunidade.
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Provocado por ZH, ele adianta que parte da programação de 2013 do Cine Santander já está delineada. Cita que a sala deve receber parte dos 99 filmes do próximo Fantaspoa (em maio), além de uma mostra de cinema alemão independente e outra formada por nove faroestes produzidos em nove países diferentes.
– O gênero está vivíssimo – explica. – E é mais universal do que se imagina. Quatro dos nove longas serão latinos, para você ter uma ideia do quão surpreendente será esse projeto.
Mas a temporada de descobertas começa por Portugal. Em cartaz desta sexta-feira até 2 de maio, a mostra Cinema Português Contemporâneo trará sete longas e uma oitava sessão composta de um curta e um média-metragem, ambos assinados por Filipa Reis e João Miller Guerra. Todos os nove títulos foram finalizados de 2011 para cá. Representam a ascensão de uma nova geração, formada por diretores de 20 ou 30 e poucos anos (caso dos dois citados), e também a afirmação de nomes reconhecidos nos grandes festivais.
O mais notável, nesse caso, é João Pedro Rodrigues, diretor de O Fantasma (2000) e Morrer Como um Homem (2009), que aparece na programação com A Última Vez que Vi Macau (2012), drama em que ele e seu parceiro João Rui Guerra da Mata (que assina a codireção) interpretam dois cineastas em viagem ao Oriente.
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Complexo: Universo Paralelo (2012) foi rodado no Rio de Janeiro. Trata-se de um documentário que registra a visão de dois irmãos portugueses sobre o Alemão, o maior complexo de favelas da América Latina. Já o drama familiar filmado no subúrbio de Lisboa Sangue do Meu Sangue (2011), que Fleck aponta como “o filme imperdível da mostra”, traz a chance de conhecer o cinema do diretor João Canijo, revelado nos anos 1990 com filmes como Filha da Mãe (que tem o ótimo diretor francês Olivier Assayas como um de seus roteiristas).
– Tem ainda Deste Lado da Ressurreição (2011), longa surpreendente pelas belas imagens de surfe e pela incrível história de um ex-campeão do esporte que é encontrado pela irmã depois de muitos anos sumido – indica o curador.
Os horários das sessões você pode ver diariamente no roteiro de cinema da Agenda. O Cine Santander fica na Praça da Alfândega, s/nº, centro da Capital.
Os filmes:
> Assim Assim (de Sérgio Graciano, comédia romântica, 2012)
> O Barão (de Edgar Pêra, terror/fantasia, 2011)
> Cama de Gato (de Filipa Reis e João Miller Guerra, drama de média-metragem, 2012)
> Complexo: Universo Paralelo (de Mário e Pedro Patrocínio, documentário, 2012)
> Deste Lado da Ressurreição (de Joaquim Sapinho, aventura, 2011)
> Nada Fazi (de Filipa Reis e João Miller Guerra, curta-metragem, 2011)
> O que Há de Novo no Amor? (de vários diretores, drama romântico, 2011)
> Sangue do Meu Sangue (de João Canijo, drama/thriller, 2011)
> A Última Vez que Vi Macau (de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, drama/thriller/musical, 2012)
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