O infinito debate sobre o limite entre realidade e ficção no cinema ganha novo fôlego para acontecer durante a próxima semana, na 2ª mostra.doc da Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis. A partir desta segunda-feira, o espaço exibe seis filmes, de grandes diretores, que questionam a fronteira entre o documentário e os gêneros ficcionais.

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– O cinema brinca com isso. Na verdade, faz parte dele essa história do que é verdade, do que não é, de como o documentário se coloca. A linguagem do documentário é aceita, porque as pessoas acreditam que, quando se trata de documentário, é a realidade. Mas tem toda a questão da montagem, da visão do realizador, e diversas outras decisões – explica a curadora e realizadora da mostra, Natália Poli.

Entre as produções que integram a programação, o famoso Zelig, de Woody Allen, é radical ao fazer o caminho inverso: não um documentário que se utiliza de recursos ficcionais, mas uma completa invenção que se fantasia de documento da realidade. Na história, Leonard Zelig é investigado por sua capacidade de mudar de aparência para agradar os que o cercam.

Em Quarto 666, Win Wenders promove uma investigação em torno do pensamento de grandes diretores sobre o futuro do cinema, durante o Festival de Cannes de 1982. Em uma época na qual a digitalização começava a se desenvolver, Wenders usa seu próprio quarto de hotel como cenário para entrevistar mais de 15 cineastas, entre eles Jean-Luc Godard, Michelangelo Antonioni, Werner Herzog e Steven Spielberg.

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Também serão exibidos os filmes Terra sem Pão – documentário controverso do espanhol Luis Buñuel, que posteriormente assumiu ter manipulado algumas das cenas – e Além do Azul Selvagem, ficção científica de Werner Herzog que mistura imagens da Nasa com entrevistas e cenas de uma expedição no fundo do mar.

O filme mais recente e desconhecido na mostra.doc deste ano é Anna Pavlova Vive em Berlim, do brasileiro radicado na Alemanha, Theo Solnik. Lançado em 2011, o documentário acompanha a bailarina Anna Pavlova em uma jornada limítrofe entre insanidade e lucidez, na noite das intermináveis festas da capital alemã.

A mostra.doc abre nesta segunda-feira com Moscou, documentário em que o brasileiro Eduardo Coutinho retrata ensaios e exercícios do Grupo Galpão de Teatro durante preparações para a peça As Três Irmãs, de Anton Tchekhov.

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Agende-se

O quê: mostra.doc

Quando: de 3 a 7 de dezembro, sempre às 19h

Onde: Fundação Cultural Badesc (Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro – Florianópolis)

Quanto: gratuito

Programação completa em www.fundacaoculturalbadesc.com