A Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis promove sua 19ª edição entre os dias 21 e 28 de novembro. Ao longo de quase duas décadas, o evento se consolidou como um dos mais importantes do gênero no país, ajudou a potencializar a produção audiovisual nacional para crianças e vem contribuindo para a formação de plateia. Em 2020, a Mostra apresenta um panorama contemporâneo da cinematografia brasileira e internacional, em uma programação online e gratuita.

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Além de exibições de filmes nacionais e internacionais, haverá atividades paralelas, como Fórum de Cinema e Educação, Encontros de Cinema Infantil e oficinas de audiovisual para crianças e professores. Os tradicionais shows da Mostra também terão versões virtuais, com espetáculos em streaming de Hélio Ziskind, do aclamado projeto Canções de Makuru, e de Carlinhos Brown. Toda a programação pode ser acessada pelo site da Mostra.

Ao longo de oito dias, serão realizadas duas sessões diárias de cinema com bate-papo divididas por faixa etária. Além dos curtas, três longas convidados estão na agenda: a animação brasileira O Pergaminho Vermelho (2019), de Nelson Botter Jr; o documentário animado Liyana (2017), de Aaron Koop e Amanda Koop – filme aclamado pela crítica, filmado no Reino de Essuatíni, na África Meridional; e O Outro Lado do Outro (2019), documentário dirigido pelos catarinenses Kurt Shaw e Rita de Cácia Oenning da Silva. Os filmes estarão nas sessões online e também disponíveis para que as pessoas assistam a qualquer momento pelo site do evento. O público poderá votar no favorito.

A abertura, no dia 21, terá uma seleção de curtas do Irã, país reconhecido pela filmografia poética e premiada para adultos. As produções iranianas para crianças selecionadas são igualmente cheias de poesia. A dublagem será ao vivo e feita pela educadora, pesquisadora e contadora de histórias Gilka Girardello. Ela é quem assina também a coordenação de curadoria dos filmes deste ano.

– Teremos uma programação profunda, diversificada e diferente – afirma Luiza Lins, idealizadora e diretora da Mostra. – A gente quis trazer o encanto da Mostra para o universo virtual. É um evento que traz alegria e poesia neste momento complexo que estamos vivendo, além de ser uma oportunidade para o público assistir a produções lindas. E também para conhecer e conversar com realizadores.

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Cena de “Mãtãnãg, A Encantada” (Foto: Divulgação)

Além disso, apesar do ano atípico em razão da pandemia, a programação on-line permite que pessoas em qualquer lugar do país possam ter acesso a filmes atuais e com muita diversidade cultural, já que muitas produções não chegam aos canais tradicionais de exibição.

– O conjunto de filmes que está sendo compartilhado é muito bom – diz Gilka Girardello. – Me surpreendi com muitas das obras; algumas são obras primas mesmo, com cuidado com a música, variedade de linguagens. São filmes que podem levantar o astral, ajudar crianças e suas famílias a verem coisas para além desse momento de pandemia. E a arte sempre consegue fazer isso, mostrar o mundo maior do que o aqui agora.

Seleção com 22 filmes estrangeiros

Pelo quinto ano, a Mostra de Cinema Infantil apresenta uma seleção de filmes internacionais. Das 63 obras selecionadas pela curadora, 22 são de países como Irã, Israel, Colômbia, Holanda e Mongólia, entre outros. Entre os destaques, estão 3 Pies, filme da colombiana Giselle Geney nominado ao Japan Prize; Liyana (2017), de Aaron Koop e Amanda Koop; e os curtas Morning, I Found Out What to Do e Coward Ghost, da diretora iraniana Reyhane Kavosh.

Janela da infância no Brasil

Dentre os 41 filmes brasileiros, o evento deste ano apresenta uma janela da produção além do tradicional eixo Rio – São Paulo, com filmes que representam 16 estados diferentes, de Goiás à Paraíba.

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– Tivemos muitos filmes que tratam dos direitos humanos – observa Luiza Lins. – A Sessão Jovem, por exemplo, evidencia muito esse tema, com obras que tocam em questões indígenas relacionadas ao clima, imigração, crianças especiais. São filmes divertidos, mas que refletem o momento que vivemos.

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Destaque para o curta Nana e Nilo em Dia de Sol e Chuva, de Sandro Lopes; Mãtãnãg, A Encantada, filme baseado em um dos mitos tradicionais do povo Maxakali e dirigido por Shawara Maxakali e Charles Bicalho; Trincheira, do alagoano Paulo Silves; e O Menino que Engoliu o Sol, de Patrícia Alves Dias. Além disso, com tantas produções de diferentes lugares, a Mostra acaba sendo uma lupa das diferentes infâncias Brasil afora. Apesar da diversidade, o número de filmes brasileiros inscritos foi menor em relação a anos anteriores, analisa a diretora do evento:

– A gente percebe que teve queda na produção audiovisual. O cinema está vivendo um momento muito delicado. E não é de agora; começou ano passado, resultado de um processo de paralisação do investimento na área – lamenta Luiza.

Encontros do Cinema Infantil

Os Encontros do Cinema Infantil são oportunidades para o público conhecer e conversar com realizadores e realizadoras atuantes na cena do audiovisual. São voltados para o público adulto e produtores de audiovisual. Essa agenda é realizada desde a primeira Mostra. Nesta edição, serão diários e on-line – um presente para os que querem conhecer mais a fundo o que está acontecendo no cinema atual para crianças. A programação dos Encontros será de segunda (23) a sexta (27), às 19h.

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Cena de “Liyana”, de Aaron Koop e Amanda Koop (Foto: Divulgação)

Com mediação da jornalista Flávia Guerra, documentarista e jornalista especializada em cinema, os encontros terão temas diferentes a cada dia. A abertura, por exemplo, será com Célia Catunda (RJ), diretora e roteirista que assinou trabalhos como Peixonauta e O Show da Luna. Ela vai compartilhar detalhes sobre Tarsilinha, longa inspirado na obra de Tarsila do Amaral que deve ser lançado em breve. Nos demais dias, convidados falarão sobre os temas Longas de Ficção, Representatividade nas Telas, Literatura e Produção Audiovisual e Das Lendas Ancestrais às Crianças de Hoje.

Destaque para a participação do diretor irlandês Tomm Moore, no dia 27, atualmente um dos principais nomes da animação no mundo. Ele é o criador de Uma Viagem ao Mundo das Fábulas (The Secret of Kells) e A Canção do Oceano (Song of the Sea); obras elogiadas pela crítica e ambas nomeadas para o Oscar. Seu trabalho mais recente, Wolfwalkers, acabou de estrear em canais de streaming.

Palquinho da Mostra

Tradicional nas edições anteriores, o Palquinho da Mostra terá também uma versão virtual com três shows imperdíveis e transmitidos ao vivo pelo canal do YouTube e pela página no Facebook da Mostra de Cinema Infantil. Na abertura, no dia 21, o músico Hélio Ziskind apresenta repertório de canções ilustradas que contam histórias. Ele é conhecido pelo trabalho como compositor para o Castelo Rá-tim-bum, X-Tudo e Cocoricó, entre outros. No show, Hélio cantará acompanhado de seus bonecos músicos.

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No dia 22, domingo pela manhã, será apresentado o projeto Canções de Makuru, uma experiência musical, cênica e audiovisual para bebês. A atriz e cantora Clarice Cardell transita por canções tradicionais populares da infância, interagindo ao vivo com o percussionista e baterista Lupa Marques e o multi-instrumentista Jota Dale. Tudo isso com a participação do desenho animado de Makuru.

O encerramento, no dia 28, será com o multi-instrumentista Carlinhos Brown. Ele apresenta ao vivo as canções de Paxuá e Paramim em: A floresta dos rios voadores, dos dois álbuns recém-lançados para o público infantil. O disco é um convite às crianças a refletirem sobre a importância dos rios, mares, florestas e povos indígenas por meio de diferentes ritmos e histórias. A live terá a participação da cantora e compositora Milla Franco num cenário divertido, muita história, bate-papo, coreografias e brincadeiras. Paxuá e Paramim são personagens criados pelo músico há seis anos. Eles são indígenas que buscam salvar a natureza e enfatizar o significado indispensável da educação ambiental.

19ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis

De 21 a 28 de novembro

Evento online e gratuito; no site da Mostra