Após chegar a marca de 40 mortes por dengue em 2024, o município de Joinville deve ganhar no segundo semestre um novo aliado no combate à doença. Em estudo pelo município desde dezembro de 2023, o método Wolbachia, de origem australiana, será implementado na cidade após a conclusão de uma biofábrica de mosquitos reprodutores.

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A estratégia do método consiste na introdução da bactéria Wolbachia nos Aedes aegypti. Esta bactéria está presente em 60% dos insetos da natureza e não causa danos aos humanos, mas evita que o mosquito possa proliferar dengue, chikungunya e Zika.

Os mosquitos com a bactéria, chamados Wolbitos, serão liberados em Joinville e vão se reproduzir com os Aedes aegypti locais. Assim, aos poucos, estabelecerão uma nova população de mosquitos que não transmitem dengue e outras doenças. Em entrevista à CBN Joinville nesta segunda-feira (13), a prefeita em exercício Rejane Gambin explicou como funcionará a implementação do processo na cidade.

— A biofábrica está andando, no segundo semestre começaremos a soltar os mosquitos todos os dias, usando nossos mapas de calor para ver as regiões que mais tem casos de dengue, começando esse contra-ataque na natureza. Mas lembrando que é muito importante que as pessoas continuem cuidando das suas casas, usando repelente e se vacinando, porque tudo isso somado vai ajudar a gente a chegar num momento de mais tranquilidade — disse.

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A biofábrica ficará na antiga Unidade Básica de Saúde da Família do bairro Nova Brasília, que está passando por reforma e receberá equipamentos importados da Ásia. Assim, a produção do Wolbito será realizada em Joinville, como uma casa de procriação, para depois o mosquito ser solto na cidade.

Ainda na condição de vice-prefeita, Rejane Gambin realizou visitas técnicas na última semana em Niterói/RJ e no Rio de Janeiro/RJ, acompanhada por técnicos da Secretaria da Saúde de Joinville, buscando mais detalhes sobre a implantação e o funcionamento do método. Ela explicou que em Niterói houve queda de 69% nos casos de dengue nos últimos dois anos.

— Niterói tem pouco mais de mil casos de dengue neste ano, enquanto temos mais de 28 mil confirmados em Joinville. Os números são muito diferentes. Essa bactéria vai permitir que o mosquito continue se procriando, mas sem passar os vírus da dengue, zika e chikungunya — afirmou.

Em abril, os trabalhos se concentraram na etapa de engajamento comunitário com a divulgação do método em escolas municipais e estaduais de Joinville, além de capacitação de professores e equipes de saúde. A prefeita em exercício também revelou como será a aplicação do método na prática, e se disse esperançosa no resultado em Joinville.

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— Vamos ter um carro plotado com o nome do método Wolbachia, que vai soltar o Wolbito na natureza. Acredito muito nesse método, que tem confirmação científica, e não tenho dúvidas que a longo prazo ele nos trará bons resultados no combate à dengue – afirmou Rejane à CBN Joinville.

Onde já foi aplicado o Wolbachia

Além de Joinville, outras cinco cidades estão recebendo o método nesta fase: Londrina e Foz do Iguaçu (PR); Uberlândia (MG); Presidente Prudente (SP) e Natal (RN). Em etapas anteriores, a tecnologia já foi aplicada nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).

Este método de controle das arboviroses foi desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP), na Austrália, e atualmente está presente em mais de 20 cidades de 14 países. Além disso, os dados de monitoramento revelam que os Wolbitos estão se estabelecendo em níveis muito bons nos territórios.

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