O exército do regime sírio recebeu de seu aliado russo aviões de reconhecimento e de combate, assim como novas armas para enfrentar os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), contra quem Damasco multiplicou seus bombardeios nos últimos dias.
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“O efeito das armas russas começa a ser sentido no território sírio”, afirmou nesta terça-feira à AFP uma fonte militar síria.
“O exército começou a utilizá-las nas cidades de Deir Ezzor e Raqa”, em particular contra posições do grupo jihadista Estado Islâmico, destacou esta fonte, que pediu para ter sua identidade preservada.
As Forças Armadas sírias multiplicaram nos últimos dias, paralelamente ao reforço da presença militar russa na Síria, os ataques contra o grupo Estado Islâmico.
Neste contexto, segundo o instituto IHS Jane’s, especializado em inteligência, afirmou nesta terça-feira que a Síria prepara duas novas bases para receber reforços russos.
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“Após a análise de imagens de satélite, IHS Jane’s identificou duas novas localidades na Síria que poderiam servir como base para forças russas. Nessas duas bases – o complexo de Istamo e o complexo militar Al-Sanobar, ambos ao norte do aeroporto de Latakia – os preparativos parecem em curso para acolher forças russas”, indicou o instituto com sede em Londres.
“Isso representa um crescimento significativo das capacidades de combate russas na Síria. A mobilização da Rússia inclui ainda quatro aviões de combate Su-30SM, doze aviões de ataque SU-24M e potencialmente seis helicópteros de ataque Ka-52”, acrescenta o instituto.
À respeito da mobilização de aviões russos na Síria, o secretário de Estado americano, John Kerry, considerou nesta terça-feira que “sim, eles aumentaram (o número) de aeronaves (…) Mas neste momento, nossos militares e analistas estimam que o nível e tipo (de aviões) representam uma força de proteção” que a preparação de uma ofensiva.
No terreno, ao menos 38 jihadistas do EI morreram na segunda-feira em ataques da aviação síria contra posições do grupo no centro do país, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede na Grã-Bretanha.
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A Rússia entregou nos últimos dias às Forças Armadas sírias ao menos cinco aviões de combate, aviões de reconhecimento e outros materiais militares para lutar contra o grupo EI.
Além disso, elas receberam “material de combate sofisticado para combater o EI”, acrescentou esta fonte.
“São armas defensivas e ofensivas”, particularmente “armas sofisticadas que apontam com precisão e mísseis teleguiados”, explicou.
Os aviões chegaram na sexta-feira a uma base militar na província de Latakia, reduto do presidente Bashar al-Assad, no oeste do país.
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Outra fonte militar em Latakia disse à AFP que a aviação síria havia “recebido aviões de reconhecimento russos que permitem às forças terrestres e aéreas sírias identificar os alvos com precisão”.
Também receberam “radares e binóculos infravermelhos”, acrescentou a fonte.
Os Estados Unidos expressaram preocupação pela crescente presença militar russa na Síria, onde o regime, rebeldes, jihadistas e combatentes curdos se enfrentam em um território cada vez mais dividido, após quatro anos de guerra.
Moscou e Damasco não integram a coalizão internacional liderada há um ano pelos Estados Unidos contra o EI no Iraque e na Síria.
O secretário de Estado americano, John Kerry, havia afirmado que o apoio militar da Rússia ao regime de Assad poderia gravar ainda mais a situação, já que “poderia atrair mais extremistas e fortalecer Assad, colocando obstáculos no caminho para uma solução” ao conflito.
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Kerry insistiu novamente que não pode “haver uma solução sem uma transição no poder”, o que implica necessariamente que Assad abandone a presidência da Síria.
No domingo em Damasco, o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, considerou que o envolvimento da Rússia vai “mudar a situação” na luta contra os jihadistas.
“A participação da Rússia no combate ao Daesh (acrônimo em árabe do EI) e à Frente Al-Nosra (braço sírio da Al-Qaeda) é ainda mais importante que fornecer armas à Síria”, declarou Muallem à rede Russia Today.
* AFP