A tragédia em Petrópolis completa quatro dias com ao menos 136 mortos e 218 desaparecidos, segundo o último balanço divulgado pelas autoridades do Rio de Janeiro. As buscas na lama continuam sendo feitas por bombeiros e moradores nesta sexta (18), assim como o atendimento às quase mil pessoas abrigadas que não podem voltar para casa. 

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Entre os 120 corpos que já chegaram ao Instituto Médico-Legal, 79 são mulheres e 41 são homens, incluindo 21 menores de idade, segundo os números mais recentes da Polícia Civil. Entre eles, 72 foram identificados e 53 foram liberados para enterros ou cremações. 

Na porta da unidade, parentes aguardam a leitura dos nomes por funcionários. Para facilitar o acesso a informações, a corporação antecipou a implementação de um Portal de Desaparecidos, que permite a consulta de nomes e fotografias pelos familiares que fizeram o registro. 

As salas de velórios estão cheias, e os enterros estão sendo feitos em sequência no Cemitério Municipal de Petrópolis desde a tarde de quarta (16). A prefeitura abriu novas covas rasas (menos profundas e mais baratas) e descartou um grande enterro coletivo “para respeitar a programação das famílias”. 

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Nas ruas, moradores seguem limpando casas, comércios e prédios históricos, sirenes de viaturas e ambulâncias passam de um lado para o outro, e voluntários circulam com doações por escolas e igrejas, sob um forte cheiro de lama misturada com lixo em alguns locais. 

Segundo o Corpo de Bombeiros, 41 cães farejadores serão levados de outros estados para auxiliar nas buscas – atualmente são 16 animais, que precisam de 12 horas de descanso. Há muitos casos de moradores cavando a lama sozinhos, se queixando da falta de agentes para localizar os corpos. 

A cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro foi arrasada por um forte temporal na tarde da última terça (15). Foram mais de 400 deslizamentos desde então, somando 553 ocorrências no total registradas pela Defesa Civil, incluindo alagamentos e avaliações de risco.

> Imagens mostram impacto da tragédia causado pelas chuvas em Petrópolis

Bombeiros de Santa Catarina vão ajudar nas buscas às vítimas em Petrópolis

O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina vai enviar equipes para ajudar nas buscas e resgates em Petrópolis. A primeira equipe enviada terá oito militares e quatro cães de busca e resgate. A solicitação de apoio foi recebida na manhã desta sexta-feira (18) e o deslocamento foi autorizado pelo governador de SC, Carlos Moisés.

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Temporal em Petrópolis deixa mortos e cenário de destruição na cidade imperial
Temporal em Petrópolis deixa mortos e cenário de destruição na cidade imperial – (Foto: Bruno Kaiuka/Zimel Press/Folhapress))
Temporal emPetrópolis deixa mortos e cenário de destruição na cidade imperial
Temporal emPetrópolis deixa mortos e cenário de destruição na cidade imperial – (Foto: Bruno Kaiuka/Zimel Press/Folhapress))
Petrópolis, na região serrana do Rio deJaneiro, amanhece com lama e destruição após forte temporal que causou várias mortes
Petrópolis, na região serrana do Rio deJaneiro, amanhece com lama e destruição após forte temporal que causou várias mortes – (Foto: Alexandre Neto/Photo Press/Folhapress))
Petrópolis, na região serrana do Rio deJaneiro, amanhece com lama e destruição após forte temporal que causou várias mortes
Petrópolis, na região serrana do Rio deJaneiro, amanhece com lama e destruição após forte temporal que causou várias mortes – (Foto: Alexandre Neto/Photo Press/Folhapress))
Petrópolis, na região serrana do Rio deJaneiro, amanhece com lama e destruição após forte temporal que causou várias mortes
Petrópolis, na região serrana do Rio deJaneiro, amanhece com lama e destruição após forte temporal que causou várias mortes – (Foto: Alexandre Neto/Photo Press/Folhapress))

Petrópolis revive agora um novo desastre

O município de Petrópolis revive agora um desastre que já viveu de maneiras parecidas em ao menos dois verões, em 1988 e em 2011. A cidade tem 234 locais de risco alto ou muito alto, o que equivale a 18% do território e 12 mil moradias, de acordo com o Plano Municipal de Redução de Riscos de 2018. 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou a cidade nesta sexta e afirmou não ser possível prevenir todas as tragédias: “Medidas preventivas estão previstas no orçamento. Ele é limitado. Muitas vezes não temos como nos precaver de tudo que possa acontecer nesses 8,5 milhões de km² [área do Brasil]”, disse ele à imprensa. 

Já o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) afirmou que serão liberados R$ 1 bilhão de recursos emergenciais para Petrópolis e outras 50 cidades do país em situação de emergência ou calamidade pública pelos temporais, que ele chamou de “catástrofes climáticas”.

O lugar mais afetado desta vez na cidade da serra fluminense foi o primeiro distrito, que permaneceu com todas as suas sirenes acionadas ao longo da madrugada desta sexta devido ao volume de água acumulado nas últimas horas e a previsão de permanência de chuva. 

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Os acessos ficaram ainda mais difíceis agora, com 19 ruas interditadas total ou parcialmente até o início da tarde. A vacinação contra a Covid-19 foi paralisada, e parte da população segue sem energia elétrica e água (Estrada da Saudade, Sargento Boening, parte do Boa Vista, Quitandinha, Floresta, 24 de Maio e partes altas do Valparaíso). 

A Defesa Civil informou que não houve novos chamados durante a madrugada desta sexta, quando os agentes apenas concluíram um atendimento pela queda de um muro e de uma árvore próximos a residências. Mas pela manhã eles se distribuíram em diversos pontos da cidade. 

Trabalhos de desobstrução na Rua Teresa, bloqueada pela lama acumulada de deslizamentos de terra durante chuvas em Petrópolis
Trabalhos de desobstrução na Rua Teresa, bloqueada pela lama acumulada de deslizamentos de terra durante chuvas em Petrópolis – (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Destruição nas lojas da Rua do Imperador, causada pela lama de deslizamentos de terra durante chuvas em Petrópolis
Destruição nas lojas da Rua do Imperador, causada pela lama de deslizamentos de terra durante chuvas em Petrópolis – (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Bombeiros se equilibram sobre a lama acumulada na Rua Teresa, em trabalho de busca nos deslizamentos de terra das chuvas em Petrópolis
Bombeiros se equilibram sobre a lama acumulada na Rua Teresa, em trabalho de busca nos deslizamentos de terra das chuvas em Petrópolis – (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Trabalhos de desobstrução na Rua Teresa, bloqueada pela lama acumulada de deslizamentos de terra durante chuvas em Petrópolis
Trabalhos de desobstrução na Rua Teresa, bloqueada pela lama acumulada de deslizamentos de terra durante chuvas em Petrópolis – (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Voluntários organizam distribuição de donativos em solidariedade às vítimas e desabrigados das chuvas em Petrópolis, na comunidade da 24 de Maio
Voluntários organizam distribuição de donativos em solidariedade às vítimas e desabrigados das chuvas em Petrópolis, na comunidade da 24 de Maio – (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Entre os que têm mais impacto para a população estão quatro deslizamentos na rua Atílio Marotti e no bairro Morin, de onde as famílias em risco já se mudaram. No Bairro Floresta, outras 15 pessoas foram orientadas a deixar duas casas. 

As pessoas que precisam sair dos imóveis e não podem ficar com familiares estão sendo orientadas a procurar as 19 escolas que viraram pontos de apoio espalhados pela cidade. São 849 pessoas abrigadas até agora, segundo o último boletim do órgão. 

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Agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) estão percorrendo esses locais para preencher formulários e depois cruzá-los com os dados do IML. Durante esse trabalho, 3 desaparecidos foram localizados no Colégio Estadual Rui Barbosa, 15 tiveram o óbito confirmado e 6 identificações estavam duplicadas.

*Por Júlia Barbon.

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