O número de mortes por tuberculose cresceu em Santa Catarina, em 2022, e atingiu o maior da série histórica de 20 anos no Estado. Em números absolutos, 115 pessoas morreram em decorrência da doença no ano passado, sendo a maior parte delas moradora da Grande Florianópolis e da Foz do Rio Itajaí. Em 2023, Santa Catarina teve ao menos duas mortes confirmadas, em dados atualizados até 30 de janeiro, pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive).
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A crescente dos últimos anos também ocorre a nível nacional, segundo o Ministério da Saúde, que registrou, em média, 14 mortes por dia no Brasil entre 2020 e 2021 — aumento de 11% em relação ao ano anterior. Os dados do país demoram a ser computados, mesmo assim, o último dado (2021) representa o maior em duas décadas.
Em Santa Catarina, o aumento no número de mortes dos últimos três anos (2022, 2021 e 2020) chegou a 39%. No ano passado, de acordo com a Dive, 115 pessoas perderam a vida em decorrência da tuberculose — duas a mais do que no ano anterior (113), e 32 registros a mais do que em 2021 (81).
De acordo com a infectologista da Dive, Ligia Gryninger, a situação, apesar de preocupante, não foge do esperado, já que a taxa de mortalidade (feita a cada 100 mil habitantes) não teve grande aumento. Mesmo assim, por ser uma doença que possui tratamento e cura, conforme diz, é preciso atenção do Estado.
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— A tuberculose é um problema de preocupação grave, não só para o Estado. A população precisa pensar em tuberculose e procurar um médico rápido quando tiver com tosse persistente, assim como vacinar as crianças nos primeiros anos de vida. O que acontece também é que as pessoas não procuram um centro de saúde ou, se procuram, param o tratamento no meio ao sentir melhora, situação que faz com que as mortes aumentem — diz.
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Conforme o pneumologista do Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis, Camilo Fernandes, os números eram esperados devido à pandemia da Covid-19, quando o foco de hospitais foi diagnosticar o coronavírus. Além disso, o sistema de saúde também se tornou, nos anos de pandemia, de difícil acesso para pessoas com sintomas não relacionados à Covid, e pacientes passaram a frequentar postos de saúde ou hospitais apenas quando os sintomas de tuberculose começava a ficar mais grave — o que pode, segundo ele, ter ocasionado o aumento das mortes.
O número de casos, apesar de ter apresentado baixa entre 2019 e 2020, também cresceu nos últimos anos. Em 2022, foram 1.898 pacientes infectados, aproximadamente mil a mais do que o ano anterior e cerca de 400 a mais do que em 2020.
— No ano em que teve baixa, acredita-se que, na verdade, foi menos diagnosticado. Então, na hora que começa a voltar o sistema de saúde, começa a se fazer o diagnostico precoce, a gente começa a registrar mais casos. A tuberculose não mata rapidamente como a Covid, por exemplo, ela demora para apresentar os sintomas após a infecção. O problema é que tem pacientes que chegam no hospital com tosse há seis meses, e aí a doença já estragou todo o pulmão. É triste — explica.
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A tuberculose tem cura, e exige tratamento de seis meses após o diagnóstico. O médico deve ser procurado logo no início dos sintomas, para evitar que o quadro se agrave.
Veja os sintomas de tuberculose
- Tosse por três semanas
- Febre
- Emagrecimento
- Sudorese noturna
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